Opinião – Enquanto isso, na “sala de injustiça”

Os palhaços da política fazem politicagem. E os palhaços que não deveriam fazer política (nem politicagem, claro) estão até o pescoço nisso. Escreve Luís Ernesto Lacombe.

27/08/2024 06:39

“Tudo o que importa são eles”

Membros do STF, do Congresso e do governo Lula participaram de “almoço institucional” para discutir controvérsia das emendas parlamentares, na sede do Supremo.| Foto: Gustavo Moreno/STF

Os palhaços no salão mandam em tudo. Estavam aparentemente se desentendendo entre eles, o que seria normal, saudável. Eles deveriam se vigiar, fiscalizar uns aos outros, no sistema de freios e contrapesos, conforme as leis ainda vigentes. Está muito bem estabelecido o que cada um poderia e deveria fazer, mas virou um pastelão, uma bagunça. Um grupo resolveu assumir o papel de todo-poderoso, e danem-se os poderes dos outros palhaços, que cedem, abraçam a marmelada e aceitam um “acordão” que aprofunda ainda mais o precipício em que o país é atirado.

Os palhaços no salão querem poder e dinheiro, e sua conversinha sempre gira em torno disso. Há avisos, pressão, chantagem, ameaças mal-intencionadas e recuos calculados. Constrangimento não há. Ficam encenando uma briga, como se houvesse alguém ali realmente comprometido com o bem, como se todos estivessem preocupados de verdade com os brasileiros. Não é assim. Na “sala de injustiça”, os palhaços são egoístas, oportunistas e interesseiros. Tudo o que importa são eles.

Quanta harmonia entre os palhaços de todos os poderes, quanta harmonia para “negociar”, se atirar em negociatas… A união dos palhaços na “sala de injustiça” só pode provocar engulhos e esgares em quem é sério. O espetáculo canastrão só conquista quem o merece, quem está em sintonia com tudo o que não presta. A trama é de vale tudo, e o resto que se exploda. Eles se divertem e condenam milhões à aceitação disso, ao silêncio. Oponha-se, e a palhaçada se expande.

Os palhaços da política fazem politicagem. E os palhaços que não deveriam fazer política (nem politicagem, claro) estão até o pescoço nisso. E vem um papinho de “aproximação com a sociedade”, quando o inescapável deveria ser abraçar as leis, com todas as forças. Os dois grupos têm desejos insanos, descabidos, e há palhaços que acham isso normal… Na “sala de injustiça” e fora dela. Quanto escárnio nos sorrisos misturados, nas piadinhas, nas risadinhas, nos falsos elogios trocados, nos tapinhas nas costas. Parece mesmo que há sempre um acordo entre eles, para que a desgraça prevaleça.

Os palhaços na “sala de injustiça” têm ao lado muitos palhaços da mídia, uma “comitiva de influenciadores”, os astros da papagaiada, da trapalhada, da mentira. Viva o autoritarismo do Gran Circo Brasil! São os bufões, fazendo ridículo sempre, se fingindo de valentões, na sua criminosa covardia, tentando botar inocentes e heróis no lugar de bandidos, e os bandidos entre honestos, corretos e santos. E os maiores escândalos passam a ser coisa boa.

Eles fazem papéis ridículos, os palhaços na “sala de injustiça” e seus apoiadores, só dizem tolices. São todos enganadores, aproveitadores. São todos do mesmo tipo: rústico, grosseiro, bobo, fanfarrão, covarde, grotesco, charlatão, farsante, saltimbanco… E o que resta ao país que é vítima dessa gente? E o que resta aos palhaços que merecem toda a consideração e são feitos de otários por essa trupe todos os dias?

 

 

 

Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV,

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