Opinião – Resultado inflação IPCA-15 de agosto

A prévia da inflação de agosto, embora mais alta que o esperado, trouxe notícias boas na descompressão dos núcleos e serviços. Escreve Andréa Angelo.

28/08/2024 06:06

“As surpresas altistas de hoje foram: alimentos voláteis e passagem aérea”

Divulgação.

O IPCA-15 de agosto contrariou a expectativa e registrou alta de 0,19% e 4,35% no acumulado 12 meses, acima da projeção de 0,12% e 4,35% esperada por nós*.

Os serviços subjacentes vieram abaixo do esperado por nós (0,39% vs. 0,46%), com a desaceleração mais intensa sendo explicada por seguro de automóveis e cabeleireiro, itens que tinham surpreendido para cima nas leituras anteriores. De todo modo, este número mostra uma melhora na composição qualitativa, principalmente no grupo intensivo em mão de obra. Este movimento contraria todos indicadores econômicos ligados a renda e emprego. Neste sentido, é preciso esperar mais algumas leituras para ter certeza de que a desaceleração destes grupos voltou. Por ora, esperamos que serviços subjacentes encerre o ano próximo de 6%, vindo de 4,80% em 2023.

Na métrica de média móvel dessazonalizada e anualizada, serviços subjacentes ficou em 4,72%, de 5,15% no mês anterior, e intensivo e mão de obra em 4,43% de 4,94%. Entendemos que esta é uma dinâmica que vai em linha com a expectativa de Selic estável em 10,50%.

As surpresas altistas de hoje foram: alimentos voláteis e passagem aérea. Vale dizer que os alimentos registraram deflação menor do que a esperada por nós, de 1,30% vs. -1,70% esperada, principalmente pelos produtos in natura (o tomate e a batata). O grupo in natura recuou 6,9% nesta prévia, com os tubérculos registrando queda de 16,4%. No ano, o grupo registra alta em torno de 8% e esperamos que arrefeça e encerre o ano em 6%. Já alimentação no domicílio deve reacelerar e deixar os 4%, terminando 2024 mais próximo de 5,2%.

Já o grupo de bens industriais continuou mostrando dinâmica de repasse cambial e segue como risco altista no ano e no primeiro trimestre de 2025. O movimento recente dos núcleos dos IGPs continua evidenciando essa dinâmica. Nesta leitura, bens duráveis vieram mais pressionados que esperado, principalmente eletroeletrônicos e mobiliários. Esperamos que o grupo termine o ano em 2,9% de 1,1% em 2023.

IPCA de agosto de -0,05% para 0,0% (responsável pela revisão foram bens duráveis, avião e alimentos)

IPCA de setembro de 0,32% para 0,33% (alimentos)

IPCA de outubro de 0,19% para 0,20% (bens industriais)

 

 

 

 

Por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos (Divulgação Warren Investimentos)

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