Opinião – Como as ditaduras avançam

Nada mais hipócrita e asqueroso do que os comunistas repetindo que ninguém está acima das leis de um país, ignorando justamente Alexandre de Moraes. Escreve Rodrigo Constantino.

04/09/2024 05:52

“Toda tirania depende de recalcados”

Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE

Nenhum tirano age sozinho. Nenhum ditador surge do nada e se instaura como ditador. As democracias morrem gradualmente, e fatores psicológicos do “homem comum” ajudam a compreender o fenômeno. No Brasil de hoje, que ninguém sério chamaria mais de democrático, temos farto material para analisar o comportamento típico que ajuda a consolidar uma tirania.

A inveja. A paixão mais mesquinha de todas é fundamental para a consolidação do poder arbitrário. Um governo de leis exige isonomia, igualdade de todos perante as mesmas regras. Já um governo de homens “iluminados” permite que uma tribo utilize a pura força contra seus adversários, tudo em nome da “democracia”.

Nenhuma ditadura avançou sem a cumplicidade de medíocres com a seguinte mentalidade: “Sim, pode ser até ruim para mim, mas vai ser ainda pior para aquele vizinho que eu odeio”. O ódio, aqui, mascara a inveja. Toda tirania depende de recalcados!

Basta ver a censura do Alexandre de Moraes e seus jagunços supremos ao X de Elon Musk. Não falta gente nas redes sociais aplaudindo. Uns dizem que será até bom, pois a plataforma é um “lixo”, ignorando que bastaria eles a abandonarem em vez de pregar seu banimento geral.

Por trás dessa postura há a inveja: por que eles têm mais engajamento, por que eles conseguem usar na boa essa rede sem esse vício que me consome? Buscar ajuda num divã dá mais trabalho: o filhote de tirano prefere o autoritarismo. Se eu não consigo ter um relacionamento saudável, então quero a proibição para todos!

A covardia também é ingrediente necessário para a ditadura. Enquanto o grau de autoritarismo vai aumentando, os covardes se calam, pois temem as consequências, querem “ficar bem” com o sistema. A intimidação ajuda a espalhar o medo: gente comum pegando anos de prisão por manifestação, parlamentares sob censura, jornalistas perseguidos. Melhor ficar quieto e proteger meu carguinho, minha família etc. Com tanta gente pensando assim, o caminho fica livre para o tirano e seus comparsas.

A prostituição. Não faltam bajuladores do tirano, defensores do indefensável, de olho em verbas. George Soros irrigou com milhões de dólares os cofres de ONGs esquerdistas, veículos de comunicação encheram o bucho de dinheiro público, há toda uma cadeia da felicidade para quem se corrompeu. As cadelinhas do sistema observam o país degringolar, mas se sentem seguros com seus empregos e sua remuneração “garantida” – enquanto agirem como vassalos do tirano.

Como as ditaduras avançam, enfim? Com Arminio Fraga fazendo o L; com João Amoedo criando falsa equivalência moral entre Lula e Bolsonaro; com isentões do MBL aplaudindo o abuso de poder supremo contra a direita relevante; com jornalistas prostituídos que denunciavam o país dos petralhas antes e agora são “cheerleaders” dos petralhas; com recalcados mandando Elon Musk sair do “nosso país” em claro complexo de vira-latas.

Nada mais hipócrita e asqueroso, aliás, do que os comunistas repetindo que ninguém está acima das leis de um país, ignorando que o problema todo é justamente Alexandre ter se colocado acima das leis do nosso país, que ele deveria proteger e é o primeiro a rasgar. Mas ele faz tudo isso com o consentimento de invejosos, covardes e vendidos. E é assim que as ditaduras avançam.

 

 

 

Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal

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