Opinião – Produtor rural e a reforma tributária

Seus sucessivos recordes de produção, seu bom nível de crescimento tem contribuído decisivamente para o equilíbrio macroeconômico no Brasil. Escreve Victor Humberto Maizman.

17/09/2024 06:11

“Categoria mais impactada de forma onerosa será a formada por produtores”

Reprodução/divulgação

Tive a oportunidade de participar de um debate sobre os impactos da Reforma Tributária no setor produtivo, incluindo todas as categorias.

Porém, não restou dúvida que a categoria que mais será impactada de forma onerosa com a Reforma Tributária será aquela formada pelos produtores rurais.

Aliás, dizem que os produtores rurais foram gentilmente convidados a participar com uma parcela maior de contribuição para financiar o Estado brasileiro através do pagamento de mais tributos.

E no caso estou tratando do produtor rural pessoa física.

Contudo, justamente pelo fato de haver um cuidado especial da Constituição Federal no sentido de fomentar o trabalhador no campo, a mesma lhe assegura a concessão de benefícios creditícios e fiscais.

Por certo, o agronegócio brasileiro tem disponibilizado produtos de alta qualidade e com preços adequados à população, gerando ainda matéria-prima para vários segmentos da indústria nacional, além de contribuir para o equilíbrio da balança comercial em face das exportações.

Ademais, o setor gera empregos, ajuda a povoar o interior, paga tributos, gera divisas internacionais e auxilia na melhoria da qualidade de vida.

Seus sucessivos recordes de produção, seu bom nível de crescimento tem contribuído decisivamente para o equilíbrio macroeconômico no Brasil.

Então, com respaldo na política agrícola prevista na Constituição Federal, não resta dúvida que foram estabelecidas condições para que o agronegócio brasileiro pudesse produzir resultados expressivos, não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista social.

Todavia, com a Reforma Tributária o produtor rural pessoa física vai passar a pagar o Imposto sobre Bens e Serviços, bem como a Contribuição sobre Bens e Serviços.

Na prática, o produtor rural pessoa física pagava em decorrência da venda de seu produto as contribuições previdenciárias incidentes sobre a operação, bem como o imposto de renda.

Porém, agora além dos tributos acima mencionados o produtor rural também deverá ser contribuinte dos novos tributos, devendo inclusive, ter uma escrituração contábil própria, o que de fato vai ainda onerá-lo com a contratação de profissionais técnicos para assessorá-lo.

Sendo assim, caberá ao Congresso Nacional ao regulamentar a Reforma Tributária fazer cumprir a regra constitucional que impõe a concessão de benefícios fiscais para o produtor rural, sob pena de violar a Constituição Federal e atravancar o desenvolvimento social e econômico gerado por tal imprescindível atividade.

 

 

 

 

Por Victor Humberto Maizman é advogado e consultor jurídico tributário.

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