A busca pelos benefícios coletivos faz parte da natureza de uma educação centrada no humano, em vista de torná-lo bom e melhor. Escreve Lúcio Gomes Dantas.
22/10/2024 11:14
“Na democracia, a livre informação tem sua inegável importância”
No próximo dia 27, os eleitores irão votar novamente, depois de um período eleitoral marcado por notícias, questionamentos e reflexões essenciais para o fortalecimento do exercício da democracia. Em parte, a disseminação dessas informações sobre democracia confirma o protagonismo inconteste das redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Quaest, divulgada no último mês de setembro, mostrou que em cidades como Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo, 45% dos eleitores se informam por meio das redes sociais, abandonando meios de comunicação tradicionais e consolidados.
No entanto, o poder e a influência das redes sociais e das plataformas digitais têm gerado preocupações de governos em todo o mundo. Recentemente, representantes de 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU) finalmente chegaram a um acordo histórico sobre a regulação das IAs e das big techs, dando o primeiro passo para se estabelecer padrões que possam garantir os direitos humanos frente às novas tecnologias.
Sabemos que a política e a democracia são “presas” fáceis de manipulações veiculadas pelas redes sociais e que vem se transformando em campo minado de polarizações radicais enfraquecendo o diálogo e a educabilidade civilizatória de um povo. Ao mesmo tempo em que a onipresença das mídias digitais tem desencadeado uma aparente sensação de liberdade de acesso a informações, o que promovem, muitas vezes, é a divulgação de opiniões formadas à revelia de qualquer critério ético.
É verdade, contudo, que as redes sociais, quando utilizadas de maneira responsável, ajudam a conectar pessoas e a espalhar boas informações e fortalecer a democracia. A capacidade de acessar e analisar conteúdos de forma crítica e identificar verdades e mentiras faz parte do conjunto de habilidades que estão no escopo da educação. Nesse sentido, a atividade de educar se volta para o conhecimento, ao retomar constantemente o projeto democrático de uma educação emancipadora, crítica, atenta aos novos obstáculos que se colocam à própria escola e à sua ação em vista do bem comum.
A busca pelos benefícios coletivos faz parte da natureza de uma educação centrada no humano, em vista de torná-lo bom e melhor. Ao resguardar os princípios democráticos que alicerçam a cidadania, a educação emerge como uma atividade vital, capacitando as pessoas a discernir entre fatos e ficção.
Na democracia, a livre informação tem sua inegável importância, uma vez que cria consciência e possibilita a participação plena do cidadão em um ambiente onde todos possam conviver pacificamente. A educação, ao servir de alicerce às pessoas quando fazem uso das redes sociais, entrelaça princípios de responsabilidade, transparência e diversidade que vão em direção aos fundamentos da democracia.
Por Lúcio Gomes Dantas é doutor em Educação pela Universidade de Brasília membro do Instituto dos Irmãos Maristas, e coordenador de Internacionalização e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Brasília.