Ferrugem asiática ainda é o maior problema do produtor

12/03/2010 16:53

Pedro Singer, gerente de desenvolvimento Fungicidas da Bayer CropScience

Na entrevista,Pedro Singer  afirma que o Brasil é referência quando se fala em pesquisas e tratamento das doenças da soja e que além da ferrugem asiática – uma das mais preocupantes da cultura – o produtor deve estar atento também à antracnose, mancha-alvo e à mela.

Em termos de mercado, como está a soja hoje?

A colheita já começou em algumas regiões e os níveis de produtividade superam as expectativas. Este aumento se deve principalmente ao fato do clima estar favorável: muita chuva e temperaturas elevadas. Para garantir uma maior rentabilidade deve-se atentar para a realização do manejo do maior problema da soja hoje, que é a ferrugem.

Quais são as principais doenças que afetam a cultura da soja?

A principal doença que afeta a cultura é, sem dúvida nenhuma, a ferrugem da soja. Mas há outras que também podem causar prejuízos, como a antracnose, a mela, a mancha-alvo e as doenças de final de ciclo (DFC’s) na região centro-oeste do País e, para a região Sul, o oídio, as DFC’s e a antracnose. A alta incidência de chuva, com muitos dias nublados e temperaturas acima da média, favorecem a ocorrência destas doenças.

E como está o Brasil nesse contexto? O país apresenta avanços? Quais?

Hoje o Brasil é referência quando o assunto é o complexo de doenças da soja. No campo da genética, o País possui variedades de soja resistentes às principais doenças do passado e, para as novas, como a ferrugem da soja, já existem variedades com maior nível de resistência em lançamento.

Quanto ao controle químico, hoje temos muitos produtos e tecnologia para o tratamento das lavouras. Aprendemos a manejar estas doenças, mas todos os anos surgem novos acontecimentos que desafiam os pesquisadores, a indústria e demais áreas ligadas ao agronegócio, como a resistência do fungo da ferrugem a alguns tipos de fungicidas.

Que tipo de perdas essas doenças pode representar?

As perdas provocadas por doenças podem ser da ordem de até 80% para a ferrugem da soja, por exemplo, caso a doença aconteça muito cedo e provoque a desfolha precoce antes da fase de florescimento.

De que forma o manejo integrado de doenças pode ajudar o produtor?

Para evitar os danos causados pelas doenças, na maioria dos casos, os produtores usam apenas o fungicida como ferramenta de controle. O manejo integrado baseia-se em pilares como sementes sadias e de boa qualidade, rotação de culturas, cultivares com resistência genética, época de plantio, cultivares precoces, sistema de cultivo, adubação equilibrada e também o controle com fungicidas realizado de forma adequada.

Os índices da ferrugem asiática bem como a resistência dessa doença aos fungicidas têm aumentado. O que o produtor deve fazer para que sua lavoura não seja afetada? E se já houver incidência da doença, como ele deve proceder?

De acordo com os números atuais, desde o surgimento da ferrugem em 2002, esta foi a safra que a doença apareceu mais cedo. Tudo leva a crer que o Brasil pode sofrer uma das piores epidemias da ferrugem da soja desde o seu surgimento. A maior preocupação é que temos uma nova realidade da doença no Brasil, na qual existem populações do fungo menos sensíveis aos fungicidas à base de triazóis. Com isso, não é possível contar com o efeito curativo destes produtos.

Sendo assim, para que o produtor tenha sucesso no controle desta doença, é fundamental que o manejo seja unicamente preventivo. Também, devido a esta menor sensibilidade da ferrugem, o intervalo entre aplicações hoje é menor do que o praticado anteriormente.

A Bayer CropScience possui o programa Base Line, relacionado ao monitoramento da sensibilidade aos fungicidas. Quais as novidades em relação a este assunto?

O Base Line é o programa de monitoramento de sensibilidade do fungo da ferrugem da soja, desenvolvido pela Bayer CropScience. Tem como principais objetivos monitorar e quantificar a sensibilidade do fungo causador da ferrugem aos fungicidas da empresa que estão atualmente no mercado e também para os que estão em fase de desenvolvimento.

O programa está em andamento neste momento e o nosso Centro de Pesquisa e Inovação está recebendo amostras de folhas de todas as regiões produtoras do Brasil e realizando os testes. Os resultados e a interpretação do Base Line para a safra 09/10, devem ficar prontos ainda no segundo trimestre.

(Fonte:Portal do Agronegócio)