Cenário de milho e soja favorece produção de carnes

09/04/2010 11:43

Custo da ração cai e aumenta a receita dos criadores de animais

O aumento da disponibilidade de milho e soja no mercado brasileiro, previsto para este ano, pode beneficiar a avicultura, a suinocultura e a bovinocultura, especialmente em Minas Gerais. De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento,  João Ricardo Albanez, no caso do milho, apesar da  redução da produção, estimada em 8,3%, com o registro de 6 milhões de toneladas, o Estado ainda se mantém numa faixa próxima do recorde histórico.

Ele diz que, em 2008, a safra foi de 6,6 milhões de toneladas de milho.  “A produção atual de milho, no Estado, não é maior porque os agricultores sabiam da existência de um grande estoque de passagem (11 milhões de toneladas) no Brasil e por isso decidiram plantar menos para evitar a superoferta do produto”, acrescenta.

Uma das conseqüências será a possibilidade de compra de milho para a produção de ração a preços mais acessíveis. “Isso beneficiará os avicultores, suinocultores e criadores de bovinos pelo menor custo da ração”, observa o superintendente. Conforme Albanez, a margem de lucro para esses criadores pode aumentar, pois a ração representa mais de 65% do custo de produção das atividades, sendo o milho o principal componente.

Outro fator importante para o recuo do plantio de milho foi a migração de parte dos produtores para a soja. A Conab informa que, no caso da oleaginosa, a estimativa para a safra 2009/2010, em Minas, é de 3 milhões de toneladas, um volume 9,9% maior que o da safra anterior. “A produção mineira deverá contribuir para o registro de um volume recorde da soja estocada no país. O estoque nacional do produto em grão, atualmente, alcança 5,1 milhões de toneladas”,  destaca Albanez.

As granjas avícolas de Minas Gerais já estão se beneficiando da redução dos custos com a alimentação das aves. Um levantamento da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig) mostra que a saca do milho está cotada atualmente em R$ 14,00, valor cerca de 25% menor que a média do ano passado. Segundo Marília Martha Ferreira, diretora da entidade, a redução do custo do grão é um fator importante, porque o milho responde por 70% dos custos com a alimentação das aves nos criatórios. Num período de 42 dias, um frango consome cerca de 3,2 quilos de milho. Ela ainda informa que “os avicultores poderiam obter maior produtividade caso os preços do frete não fossem tão altos.” O chefe do Departamento de Integração da Avimig, Délcio José dos Santos, informa que o custo de produção por quilo de cada ave para a indústria é superior a  R$ 1,40 em Minas. Já o preço de atacado da carne de frango resfriada, no Estado, alcança R$ 2,60. 

O vice-presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Pena, diz que o milho e a soja correspondem também a 70% do custo de produção dos animais nesse segmento. “Para cada quilo de suíno vivo, o gasto fica entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Portanto, um animal em condição de abate, aos 100 quilos, custa cerca de R$ 230,00, e a sua cotação no mercado é de R$ 260,00.”  Pena acrescenta que o cenário da produção de milho é favorável ao aumento da produtividade nas granjas de suínos, mas ele diz que a Asemg se preocupa com a possibilidade de desestímulo dos produtores de milho diante da queda de receita que eles deverão ter neste ano.   

O coordenador estadual de Bovinocultura de Corte da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires, confirma as perspectivas favoráveis neste ano para a criação de gado em confinamento com base nas estimativas de disponibilidade de milho e soja. Ele explica que o custo operacional em 60 dias de confinamento de um boi  é de aproximadamente R$ 240,00. O item de maior expressão na alimentação dos bovinos é o milho, que no período analisado tinha a cotação de R$ 18,00 a saca de 60 quilos. Segundo Ávila Pires, já existem sinalizações de redução do custo com a aquisição do milho na casa dos R$ 14,00 a saca.

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