Uma nova estratégia

17/06/2010 12:32

A força física e a rapidez dos jogadores da Costa do Marfim foram duas das principais dificuldades apontadas pelos atletas brasileiros para a partida do próximo domingo, no Soccer City. Se o Brasil vencer, por qualquer resultado, estará classificado. Este é o planejamento de Dunga para não encarar os portugueses na última rodada da fase de grupos precisando do resultado. Mas não será fácil superar os marfinenses.

Os jogadores da Costa do Marfim se animaram com o empate sem gols com Portugal e passaram a acreditar na possibilidade de classificação. Seu treinador, o experiente Sven Goran Eriksson, conseguiu também fazer que todos no grupo acreditassem nas chances de bater o Brasil, principalmente depois do fraco futebol apresentado na estreia contra a Coreia do Norte.

Antes da vitória por 2 a 1 sobre os norte-coreanos, os jogadores brasileiros acompanharam atentos a disputa dos rivais. E ligaram o sinal de alerta com o que viram. “Eles são muitos fortes, correm o tempo todo e são velozes para contra-atacar”, analisou o goleiro Julio Cesar, confiante, no entanto, que o Brasil faça uma partida melhor que a primeira. “Sabemos que a nossa chave é difícil. Há outras duas seleções que estão bem”, disse o goleiro.

Kaká e Robinho também devem sofrer com a marcação dura. Contra os portugueses, a Costa do Marfim fez 18 faltas, a maioria no meio de campo, para parar possíveis jogadas de contra-ataque. Cristiano Ronaldo, bem marcado, teve dificuldades para mostrar seu talento. Quando os marfinenses não conseguiam roubar-lhe a bola na categoria, não tinham dúvidas de fazer as faltas. O mesmo será feito para frear Kaká e Robinho. “Eles jogam duro, é verdade, mas não são maldosos. Temos de rever agora o jogo deles contra Portugal e descobrir seus pontos fracos”, disse Kaká.

O zagueiro Tiene fez cinco faltas. Foi quem mais bateu na estreia. O volante Didier Zokora movimenta-se por todos os setores do meio. Marca e desarme com facilidade. Fez três faltas contra Portugal. Mas é o meia Toure, do Barcelona, que tem o melhor aproveitando de passes: 86% dos 71 que tentou.

Maicon e Michel Bastos terão de se segurar mais na defesa. Gervinho, o 10 da Costa do Marfim, além de forte e veloz, também é muito habilidoso. Foi dele a maioria das jogadas de ataque na primeira partida. É ciscador. E gosta de cair pela esquerda. Se Maicon avançar como avançou diante dos norte-coreanos, terá de contar com a cobertura de Gilberto Silva e Lúcio.

Vale lembrar que foi por esse setor que o Brasil sofreu o gol contra a Coreia do Norte. Gervinho tem facilidade para driblar também. A Costa do Marfim é um time abusado, que toca a bola de pé em pé (tive 50% de posse de bola contra Portugal) e que avança com velocidade com até quatro jogadores. Movimenta-se rápido. Fez sete ataques bons contra os portugueses, três pela esquerda, dois pela direita e outros dois pelo meio. Portanto, sabe alterar suas jogadas ofensivas. E há ainda a volta do atacante Drogba, que jogou 24 minutos na estreia, mas que deverá começar a partida contra os brasileiros. Ele quebrou o braço na África do Sul, na etapa de preparação do time, passou por cirurgia e já está curado. É o jogador mais famoso da Costa do Marfim. Joga no Chelsea.

Ocorre que o problema para o Brasil de segurar os laterais Maicon e Michel Bastos é perder sua melhor forma de atacar. Michel foi quem mais arriscou chutes de longe contra os norte-coreanos. Deu três. Abrir mão disso também é deixar a seleção muito presa pelo meio. E pelo meio será mais difícil, já que o time todo volta para marcar e não permite o toque de bola na proximidade da área. Os marfinenses racham todas as bolas. Eles se valem bem do vigor físico.

Costa do Marfim já era um time forte na Copa da Alemanha, em 2006, sua primeira, mas teve azar de cair na chave de Argentina e Holanda e não conseguiu passar da primeira fase. Os jogadores estão mais maduros agora e têm um elenco que atua fora do país. Do time que começou contra Portugal, Toure é do Manchester City, Kalou joga no Chelsea e Yaya Toure atua no Barcelona.

O Brasil precisará de Kaká e Robinho para furar o bloqueio dos marfinenses. Mais até do atacante que do meia. Robinho terá de jogar solto, partindo para cima com seus dribles a fim de abrir espaço para ele e para os companheiros. Se Michel Bastos ficar mais, terá de ocupar aquele setor de frente na esquerda. O toque de bola rápido poderá também confundir a marcação. É nisso que Elano poderá combinar com Maicon.

Kaká, ainda sem condições, terá de apostar mais na sua individualidade, mesmo que seja somente nos 45 minutos iniciais. Se continuar dosando suas passadas, será fácil de ser anulado. Aí, talvez, a melhor opção seja Daniel Alves, embora franzino é mais rápido que Júlio Baptista. Pode ser uma arma útil contra a força dos marfinenses.

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