Brasil não teme duelo contra Espanha

18/06/2010 09:44


A última vez que o Brasil foi eliminado de uma Copa do Mundo na fase de oitavas de final foi em 1990, na Itália, quando Dunga ainda era jogador do time. Ele estava naquela partida com a Argentina, contra Maradona, quando o craque limpou meia equipe e passou para Caniggia fazer o gol da vitória. Dunga e seus companheiros pareciam incrédulos com o tropeço prematuro, mas diante de um rival de quem todos na seleção reconheciam a qualidade. Como doeu. Os argentinos chegaram à final contra a Alemanha, mas perderam por 1 a 0.

Dunga nunca assumiu aquele fracasso, nem poderia fazer isso sozinho, mas pesou sobre seus ombros tudo o que deu errado e a volta para casa mais cedo. Um oponente tão poderoso quanto era a Argentina de 1990 pode cruzar o caminho do Brasil nas oitavas do Mundial na África do Sul. Trata-se da Espanha. Com a derrota para a Suíça por 1 a 0 em sua primeira partida no Grupo H, os espanhóis correm risco de ficar em segundo lugar na chave e encontrar o Brasil nas oitavas, o que não seria bom para nenhum dos dois.

“Se isso acontecer, de eles cruzarem com o Brasil, será uma final antecipada”, adiantou o atacante Nilmar. “A derrota prova que em Copa tudo pode acontecer. Não há favoritismo. Mas isso não muda a minha opinião sobre a Espanha. Ainda é uma das favoritas e tem jogadores de muita qualidade. Eles erraram quando podiam errar”. Está na cara que os brasileiros não gostariam de enfrentar os espanhóis na primeira partida de mata-mata. Seria correr risco demais tão cedo. O discurso padrão no Brasil, porém, é dizer que o elenco não se preocupa com os rivais. Nilmar e Robinho disseram isso sem convencer.

Dunga já provou o dissabor de encarar um inimigo forte logo de cara. A Espanha chegou à África do Sul mais credenciada que o Brasil para ganhar o título. Além de ter ficado com o caneco da Eurocopa de 2008, passou por uma eliminatória europeia esbanjando talento, com 100% de aproveitamento. Tem em Puyol, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Fernando Torres alguns de seus principais astros. Perdeu para a Suíça, mas jogou melhor, com bola na trave e gols desperdiçados. Seria um osso duro de roer para o Brasil.

O cruzamento só se dará, contudo, se a seleção ficar em primeiro lugar da sua chave e os espanhóis terminaram a fase classificatória em segundo, ou vice-versa: a Espanha em primeiro e o Brasil em segundo. É claro que é cedo para um direcionamento mais preciso. O time de Dunga tem de passar por Costa do Marfim e Portugal, duas pedreiras. E a Espanha mede forças com Honduras e Chile, que já tem três pontos após levar a melhor diante dos hondurenhos.

O que mais pesa se esse cenário se confirmar é o fato de encarar um rival tão favorito quanto é o Brasil. A Argentina em 1990 foi a última vez que a seleção enfrentou nas oitavas um oponente de peso. Voltando um pouco mais no tempo, na Copa de 1986, no México, o adversário foi a Polônia, que perdeu por 4 a 0. Em 1994, embora o time não tinha tradição, jogava em seu país. E foi duro bater os Estados Unidos.

Mas nos últimos três Mundiais, os rivais das oitavas não botavam panca. Em 1998, na França, o Chile foi surrado por 4 a 1. Em 2002, os belgas formaram um ferrolho, mas acabaram indo embora mais cedo após derrota por 2 a 0. Na Alemanha, quatro anos atrás, a seleção enfiou 3 a 0 em Gana.

Mas ninguém na África do Sul acredita que contra os espanhóis será tão fácil assim. Dunga só vai falar da Espanha se ela se confirmar como adversária. Até lá, o discurso é o de Robinho. “Nós respeitamos todos os adversários, mas não estamos preocupados com os espanhóis. Estamos mais preocupados com o nosso futebol e a tendência é a gente melhorar. A Espanha continua sendo favorita, tem bons jogadores, mas não estamos preocupados com ela agora”.

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