Mesmo sem peixe, homenagem acontece

30/06/2010 09:48

Nem mesmo a escassez de peixe no rio Cuiabá impede que os devotos de São Pedro da comunidade ribeirinha de Bom Sucesso, em Várzea Grande, realizem há 30 anos uma das mais tradicionais festas religiosas de Mato Grosso, em homenagem ao santo padroeiro dos pescadores.

O churrasco foi servido no primeiro ano de comemoração. Depois, o peixe, especialmente o pacu, tornou-se o prato principal do evento. Mas, antes era do rio e, há cerca de cinco anos, tem sido substituído pelos criados em tanques. “Vamos servir duas toneladas de peixe, tudo de piscicultura. Do rio está muito difícil”, informou Francinei de Oliveira Souza, um dos organizadores do evento.

Mas nada que tire o brilho da festa. E para garantir que tudo desse certo e agradasse o público esperado de cerca de 20 mil pessoas, os preparativos começaram ainda na madrugada. “Começamos a preparar o almoço uma hora (da manhã). Para nós é um prazer prestar essa homenagem a São Pedro”, disse Deise Pinheiro, que ajudava na cozinha montada à beira do Cuiabá.

O mesmo carinho e a devoção pelo Santo tem a moradora ribeirinha Teodora Leite da Rosa Magalhães, 51 anos. Ela contou que participa da festa desde o início e se orgulha de fazer parte desta história. “Tudo começou com um simples piquenique. Hoje, é essa festa grandiosa, que reúne pessoas de todos os lugares”, comentou.

Além de comunidades ribeirinhas como Praia Grande, Valo Verde e Pai André, a homenagem a São Pedro recebe visitantes de diversos cantos do Estado. Este é o caso Lucinda Souza, 41 anos, do município de Nossa Senhora do Livramento. “Já participei da festa há uns três anos e gostei. É tudo bem organizado e a comida é muito boa”, disse. Ela também afirmou ser devota do santo. “Tudo o que a gente pede a Deus, por intercessão de São Pedro, a gente recebe”, afirmou.

Os festeiros acreditam que a falta de peixe no rio Cuiabá se deve à degradação provocada pelo próprio homem. “Depois de Manso o peixe foi desaparecendo. Há muita depredação do rio e nós pescadores não temos culpa”, comentou Teodora Magalhães, pescadora profissional.

A festa começou com uma alvorada de fogos, seguida de uma missa na Igreja Divino Espírito Santo. Logo depois, houve o levantamento de mastro e a imagem de São Pedro foi levada em procissão térrea e fluvial. A programação contou ainda com a corrida de canoas, que teve como premiação uma viagem a São Paulo e o almoço composto por arroz, mandioca, vinagre e ventrecha de pacu. Tudo por R$ 5. A comemoração se estendeu até 22 horas ao som de bandas que cantam e tocam lambadão, axé e pagode.