01/07/2010 23:54
As vendas de veículos novos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) subiram em junho, após forte queda em maio devido ao reflexo do fim do desconto sobre o IPI. Ao todo, foram emplacadas em junho 262.780 unidades, volume 4,65% superior ao comercializado em maio, com 250.984 unidades. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O resultado já era esperado pela entidade. Para o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, a queda vista no mês anterior foi uma acomodação do mercado. “O mercado volta ao normal e o fim do IPI já foi absorvido”, afirma Reze. No entanto, o ‘fator Copa do Mundo’ impediu que o crescimento fosse ainda maior em junho. Segundo o representante das concessionárias, a Copa inibe um pouco a procura por carros.
Em relação a junho de 2009, quando ainda vigorava o desconto sobre o IPI, houve queda de 12,44% no número de veículos emplacados, que foi de 300.129.
No acumulado do primeiro semestre, o setor já soma 1.579.715 unidades comercializadas, aumento de 8,98% sobre igual período de 2009, quando 1.449.603 unidades haviam sido emplacadas. “É nítido o pulo de crescimento do setor. Isso significa que o consumidor está tranquilo e aproveita as promoções e a situação econômica como um todo”, destaca Reze.
Vendas de carros e motos
Ao destacar o desempenho isolado do segmento de automóveis e comerciais leves, foram vendidas em junho 247.511 unidades, alta de 4,97% sobre maio, encerrado com 235.783 carros emplacados. No acumulado do ano, o segmento soma 1.495.693 unidades vendidas, crescimento de 7,32% sobre o mesmo período do ano passado, com 1.393.661 unidades.
Já o segmento de motocicletas, calculado à parte, apresentou queda de 3,62% em junho, com 138.647 unidades emplacadas. O setor, que busca recuperação, teve aumento das vendas de 8,56% no acumulado, de 765.691 unidades entre janeiro e junho de 2009 para 831.200 neste ano.
“O setor paga alto preço pela seletividade maior dos bancos que começou com a crise”, destaca Reze sobre a dificuldade na liberação de crédito para financiamento. Segundo o presidente da Fenabrave, os bancos também “privilegiam” o consumidor que compra marcas tradicionais do mercado, como a Honda e a Yamaha, em detrimento das que chegaram nos últimos anos, como as chinesas.
Apesar desse quadro, a Fenabrave acredita que o mercado de motocicletas vai se recuperar, no entanto, de forma mais lenta.
Caminhões e ônibus
O mercado de caminhões também apresenta desempenho negativo e fecha o mês com 12.993 unidades emplacadas. A queda é de 1,59% sobre maio, quando foram vendidas 13.203 unidades. No semestre, o volume de veículos pesados comercializados foi de 70.880 unidades, aumento de 54% sobre igual período de 2009.
De acordo com Reze, era esperado um crescimento mais contido do segmento de caminhões. No entanto, como a economia puxa a necessidade de frota e o sistema Finame, do BNDES, trabalha com novas taxas, bem abaixo da média do mercado, a previsão é de que o setor bata recorde neste ano, com mais de 152 mil unidades comercializadas.
“A queda observada no mês de junho é justificada pelo comprador que espera o BNDES liberar a totalidade de contratos. Por isso esperamos uma forte alta para julho”, ressalta.
Embora mais exposto a variações sazonais, o mercado de ônibus registra alta no semestre, com 13.142 unidades emplacadas. A expansão é de 30,31% sobre as vendas do ano passado. Somente em junho deste ano, o segmento somou 2.276 ônibus vendidos, volume 7,97 % maior ao registrado em maio.
Ranking das montadoras
Em junho, a Fiat se manteve na liderança de mercado, com participação de 24,31% e vendas de 60.167 automóveis e comerciais leves. Já a Volkswagen ficou em segundo lugar, com 21% de participação e 51.965 unidades emplacadas. Terceira em vendas, a General Motors registrou emplacamentos de 49.039 carros no mês, o que garantiu 19,81% de participação de mercado. A Ford, em quarto lugar, ficou com 9,87% de participação no mercado brasileiro, seguida da Renault (3,98%), Honda (3,81%), Hyundai (3,15%), Toyota (3,14%), Peugeot (2,73%) e Citroën (2,22%).
Projeções
Para o mês de julho, a Fenabrave aposta em nova alta na venda de veículos, por ser um mês tradicionalmente forte e por ter um número maior de dias úteis.
Para o fechamento do ano, a Fenabrave estima que o mercado geral fechará com crescimento de 7,82%, menor que a previsão anterior, de 8,46%. Isso porque a entidade alterou a expectativa para os seguimentos de automóveis (6,39% para 5,6%), de motos (de 10,13% para 7,99%), de comerciais leves (de 7,03% para 10,65%) e de caminhões (de 35,98% para 39,92%).
“Foi só foi um ajuste de mercado. É até bom que o setor não tenha um crescimento tão alto”, conclui o presidente da federação.