08/07/2010 10:37
O estádio de Polokwane, inspirado nos baobás, gigantescas árvores africanas, já estava sem serventia há duas semanas e a Copa do Mundo ainda nem acabou. As pessoas em Polokwane – e também nas outras cidades – já se perguntam: e agora?
No estádio Peter Mokaba, circulam alguns seguranças e operários. Mas não há qualquer tipo de atividade.
Sempre existe preocupação com construções virando elefantes brancos depois dos grandes eventos para os quais são levantadas. Mas na África do Sul o estádio de Polokwane, para 40 mil pessoas, é o mais emblemático.
Em uma cidade de 500 mil pessoas, a quatro horas de carro ao norte de Johannesburgo, o estádio Peter Mokaba fica na província rural de Limpopo, que não tem nem time de futebol, nem de rúgbi. E nenhuma utilização prevista.
Um dos guardas de segurança entrevistados pela AFP, preocupado em perder o emprego, diz em matéria publicada no site sport24.co.za que “Limpopo não tem grandes eventos, mas eu realmente torço para que venha a ter, para que sejam criados mais postos de trabalho”.
– Nosso propósito foi cumprido. A Copa do Mundo acaba e tudo acaba também para este estádio. Ainda que sou um dos sortudos – a única razão pela qual ainda estou aqui são equipamentos ainda a serem removidos.
O estádio foi construído para receber apenas quatro partidas da Copa e a cidade se encheu de visitantes nas noites de futebol – só que continuou vazia nas outras, sem atividades.
A África do Sul despejou R$ 2,7 bilhões (11,7 bilhões de randis, a moeda local) em dez estádios de nove cidades, incluídos os cinco construídos da planta para a Copa do Mundo.
E agora a maioria desses locais está dando pouquíssimos passos quanto a “se reinventar” e conseguir que sejam aproveitados depois da final deste domingo (11).
Iscar para atrair time de futebol
Nelspruit, com 235 mil habitantes perto do Kruger Park (o maior e mais famoso do país para visitação dos turistas em busca dos animais selvagens), está tentando atrair o time de futebol profissional da província – o Mpumalanga Black Aces – para mandar pelo menos alguns de seus jogos no estádio da cidade.
Port Elizabeth, que não tem time de futebol profissional, fez um acordo com o time de rúgbi Mighty Elephants, da segunda divisão, para fazer o estádio de sua “casa” – o antigo estádio de rúgbi deve ser demolido.
A maioria das cidades com os estádios tem times para usar seus estádios. As maiores, como Durban e Cidade do Cabo, ainda são grandes o suficiente para atrair outros tipos de grandes eventos.
O monumental Soccer City em Johannesburgo é o maior da África, com 94.500 lugares, e deve ser testado para o rúgbi em jogo contra a Nova Zelândia em agosto, depois que as finais do torneio Super 14 alcançaram sucesso imeno no estádio Orlando, em Soweto.
Mais rúgbi deve invadir os estádios de futebol construídos para a Copa, para torná-los mais viáveis e encorajando que admiradores dos dois esportes passem a acompanharm futebol e rúgbi juntos.
Dinheiro do governo federal para manutenção
Desse cenário, é Polokwane é a cidade que mostra menos possibilidades e dinheiro do governo federal deve ser colocado na manutenção anual do estádio – orçada em torno de R$ 4 milhões (17 milhões de randis).
Ndavhe Ramakuela, representante da cidade para a Copa-2010, disse que essa será apenas uma solução temporária.
– No fim deste mês, vamos propor a uma empresa de gerenciamentos que assuma o estádio em proveito da cidade. Também estamos conversando com associações de rúgbi e de futebol sobre utilização do estádio.
O próximo passo é colocar a própria província no mercado, para tentar atrair grandes eventos – mesmo com Ramakuela admitindo que nada será igual à Copa do Mundo.
Pravin Gordhan, ministro de Finanças, tenta apagar as preocupações com os elefantes brancos diznado que a Copa significou ganho da economia de 0,5% este ano, para o país.
Ele também disse, em entrevista coletiva, que a nova infraestrutura trará benefícios a longo prazo para a África do Sul – não necessariamente apenas econômicos.
– Se você constrói uma estrada, ela não some depois da Copa. E o torneio também uniu a África do Sul de uma forma que não se via desde o fim do apartheid, em 1994.