Forças policiais devem aumentar 65% para Copa em MT

26/07/2010 12:11

O número do efetivo em Segurança Pública na Capital deve aumentar em até 65% com vistas à Copa do Mundo de 2014. A perspectiva de crescimento é da Agência Estadual de Projetos da Copa 2014 (Agecopa). Segundo o diretor de Infraestrutura, Carlos Brito de Lima, o Governo do Estado tem a segurança das pessoas no mesmo grau de importância das obras de mobilidade urbana.

A Fifa, órgão regulador do futebol em âmbito internacional, assinala pontos específicos e essenciais para a realização de um Mundial. Dentre eles, um é a redução da reincidência prisional, fato alarmante quando o assunto é Brasil, onde de cada 100 presos que deixam o sistema, 86 voltam ao crime.

“Esses números têm reflexo em Mato Grosso, já que a realidade no país inteiro não é muito diferente do resultado geral. O fato é que, para a Copa, o sistema prisional tem que cumprir efetivamente seu papel e não deixar esses 86% voltarem a criminalidade”, observou Brito.

Segundo o diretor, as metodologias de medição da violência no Brasil são muito diferentes das aplicadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), já que, no país, os índices são atrelados a estrutura do Ministério da Saúde. “O que acontece é que o reflexo final do trabalho não reproduz exclusivamente resultados no sentido do trabalho policial, preventivo e em todos seus aspectos”, disse.

Para se adequar a uma medição da violência mais parecida com a da ONU, a Agecopa elaborou e propôs à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) uma matriz referencial de políticas de segurança, com foco no Mundial.

De acordo com a proposta, não só as forças policiais, mas todo o sistema de Segurança Pública nas cidades que sediarão a Copa foram discutidos. Em Mato Grosso, o sistema inclui Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Perícia Oficial e Identificação Técnica do Estado de Mato Grosso (Politec).

Comissões e Qualificações

Para que os índices de criminalidade se reduzam antes da Copa e para que haja segurança durante o evento, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) criou, com apoio da Agecopa, a “Comissão da Copa 2014”, que reúne todas as frentes de Segurança Pública da Capital. Além desta, cada frente criou sua própria comissão.

Segundo o presidente da Comissão da Copa 2014 da Polícia Militar e também representante do órgão na comissão da Sejusp, coronel PM Sampaio, o objetivo principal das reuniões é discutir a capacitação do efetivo, bem como avaliar procedimentos que serão necessários antes do Mundial.

Atualmente, a PM, por exemplo, tem um efetivo de 5.500 homens. Para a Copa, segundo o Coronel, o número pretendido é de mais 6.100 policiais. “Esse número hoje já é necessário, porém, em setembro, devido a concurso, serão chamados 1.200; e, em 2011, mais 1.200. A única solução para aumentar o número de policiais necessários para o evento são os concursos. E, para a Copa, ou faz ou faz”, disse o oficial.

Apesar do aumento do efetivo, outra preocupação da comissão da Sejusp e da Agecopa é a logística. “Temos estruturas para serem criadas, precisamos reforçar unidades de choque, reforçar efetivo no trânsito e na parte ambiental. Há muito a ser feito e por isso a discussão tem que começar de agora”, explicou o coronel.

Para a Agecopa, encarregada principal de fiscalização das obras que serão realizadas, o tempo também é ponto preocupante. “Precisaremos muito do apoio do Governo do Estado para a realização dos concursos. Há um tempo mínimo que leva da aprovação até a aptidão deste policial. Por isso mesmo, quanto mais cedo forem realizados os concursos, melhor. Tempo é um fator que nos preocupa”, afirmou.

Apesar da preocupação, o diretor afirma que a matriz referencial elaborada pela Agecopa foi essencial para dar um panorama da atual situação das cidades-sedes em relação a segurança pública e isso pontuou positivamente Cuiabá em relação a outras capitais.

Além do órgão mato-grossense, o Grupo de Trabalho Copa 2014 (GT-Copa), criado através de um termo de cooperação técnica entre Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Ministério do Esporte, tem cumprido o papel de estabelecer parâmetros em outras áreas do Mundial.

“A Agecopa está afinada com o GT-Copa. Enquanto nós fizemos a matriz das missões, ou seja, o que precisa ser trabalhado, as competências ficaram para o GT-Copa”, explicou Carlos Brito.

Legado

Em pesquisa divulgada em maio deste ano e realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 90,1% dos brasileiros acreditam que a violência aumentou nos últimos anos.

Em se tratando de homicídios, o Brasil também figura entre os países com os maiores índices, uma média de 48 mil mortes por ano, o que corresponderia a 10% dos homicídios do mundo.

Mato Grosso, no estudo intitulado “Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil”, aparece em segundo lugar da região Centro-Oeste, perdendo apenas para Goiás.

Já no ranking nacional, a cidade mais violenta do país é Juruena (830 km ao Norte de Cuiabá), onde, na simulação da pesquisa, a cada 100 mil pessoas, 139 morreriam. A cidade tem apenas 7 mil habitantes.

Com base nesses índices, o diretor de Infraestrutura da Agecopa, Carlos Brito, disse que a tarefa de diminuir os índices da violência em Mato Grosso não será tarefa fácil.

“Nossos índices ainda estão fora do padrão internacionalmente aceito e precisamos melhorar significativamente, porém não estamos tão distantes de alcançar o que queremos. O objetivo principal, agora, é aumentar efetivo e a logística, trazer acessibilidade ao turista, mas, principalmente, ao povo que aqui permanecerá. E, para quem fica, a qualidade de prestação de serviços será o grande legado”, reforçou Carlos Brito.

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