Após campanha de rua, candidatos encaram debate na TV

05/08/2010 11:36

Nas ruas desde o início de julho, quando começou oficialmente a campanha, os candidatos à Presidência entram nesta semana em uma nova etapa da disputa eleitoral. Depois do palanque e do corpo-a-corpo com possíveis eleitores, o próximo presidente da República terá que passar agora no teste da televisão.

Nesta quinta-feira, vai ao ar, pela rede Bandeirantes, o primeiro debate entre presidenciáveis na TV aberta das eleições de 2010. É o momento em que Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) ficam diante de milhares de telespectadores com um olho na própria postura e outro no erro do adversário.

Desde a redemocratização, os debates se tornaram momentos marcantes da história do voto no Brasil. Prova disso é o acervo hoje disponível na internet com vídeos de eleições passadas. A mais conhecida e citada na rede é o debate de dezembro de 1989, às vésperas da votação, entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva.

Foram minutos raros de uma verdadeira luta, com cenas até hoje lembradas – como quando Collor, ao ser indagado sobre a crise no bloco socialista europeu, passa a falar sobre Natal, do “recolhimento cristão”, da fé dos brasileiros e da ajuda de Deus para o País sair da crise…tudo para concluir que o adversário petista “esposava” teses marxistas, estatizantes e “estranhas ao nosso meio”.

 “Ele defende invasão de casas e apartamentos”, acusava Collor, sem pestanejar diante do televisor. “É o meu adversário que invade terra pública”, retrucou Lula, hoje aliado do ex-presidente.

Outro momento emblemático do período, hoje disponível na rede, é o bate-boca entre Paulo Maluf e Leonel Brizola, em que o primeiro é chamado de “filhote da ditadura” e devolve, chamando o ex-governador gaúcho de “desequilibrado”. “Passou 15 anos no estrangeiro (no exílio) e não aprendeu nada”, disse Maluf, para risos da plateia.

Em estudo sobre debates eleitorais na TV, Roberto Gondo Macedo e Andréa Firmino de Sá, especialistas em comunicação, chamam de “vedete” os debates promovidos pelas emissoras naquele ano. “Os debates eleitorais atingem uma quantidade representativa de pessoas em todo o Brasil, por esse fator, que é considerado um veículo essencial para a difusão de idéias e construção de uma imagem pública sustentável de um ator político, bem como a sua gestão, quando eleito, no que se nomeia ‘marketing pós-eleitoral’ e governamental”, escrevem.

Na última eleição, houve também momentos marcantes, e tensos, entre candidatos, como a cadeira vazia de Lula, que, favorito, se recusava a comparecer aos debates no primeiro turno, e os embates entre Geraldo Alckmin (PSDB) e o petista em torno de denúncias e escândalos políticos, no segundo turno da campanha.

Nesta quinta-feira, tem início um novo capítulo dessa história da política e da TV. Dos quatro candidatos que já confirmaram presença, três são novatos, entre eles a postulante à sucessão apoiada pelo atual presidente. Vai ser a chance de saber o quanto os candidatos aprenderam com os capítulos e vídeos antigos dos últimos embates eleitorais.

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