Campanha ‘fria’ faz aumentar indecisos

17/08/2010 09:50

Faltando 48 dias para a eleição 2010, o número de indecisos sobre voto para governador é maior do que o número de pessoas que declararam votar no candidato que aparece mais bem colocado na última pesquisa Ibope. Enquanto o governador Silval Barbosa (PMDB), candidato à reeleição, apresenta 28% da intenção de votos, o número de pessoas que não sabem em quem vai votar é de 32%.

A pesquisa foi divulgada na sexta-feira pela TV Centro América, afiliada da Rede Globo. O Ibope ainda apontou o candidato Wilson Santos (PSDB) com 22% das intenções de votos e o empresário Mauro Mendes (PSB) com 14%.

Para especialistas e marqueteiros entrevistados pelo Diário, há um consenso de que a campanha eleitoral ainda está fria, ainda não decolou. Até mesmo porque o horário eleitoral gratuito começa só hoje e só houve um debate televisivo entre os candidatos ao governo até agora.

No caso de votos ao Senado a história também não é muito diferente. Apesar do ex-governador Blairo Maggi (PR) apresentar 61% da intenção de votos, a porcentagem de indecisos é de 44%.

Para o cientista político João Edisom de Souza, esse número de indecisos era o esperado para esse período da campanha. “Os eleitores estão sendo honestos ao declarar que ainda não sabem em quem vão votar. É muito difícil que alguém que não esteja diretamente ligado a política já esteja pensando no voto a ponto de decidi-lo. O eleitor decide o voto no calor da campanha”, analisa João Edisom.

O marqueteiro Paulo Leite afirma que esse quadro acontece em toda eleição. É o que ele chama de “período de barrigada” dos índices das pesquisas. O início do programa eleitoral é muito importante para essa definição, pois, para ele, a campanha ainda está muito fria, além de haver muitas restrições e falta de interesse do público. “Na primeira semana de propaganda eleitoral a audiência é boa, depois cai e nos últimos 15 dias de programa a audiência aumenta novamente. Por isso no horário eleitoral é a hora de fato de agir”, disse Paulo Leite.

O cientista político Manoel Motta disse que esse índice de indecisos também é reflexo dos perfis dos candidatos. “Nenhum candidato é uma grande liderança que empolga a população. Essa é uma disputa sem emoção. O voto de hoje está menos emocional e mais racional. A decisão vai depender muito da campanha de cada um, desde a TV, redes sociais, capacidade financeira de cada candidato para que consiga proporcionar mais visibilidade e até ao quadro nacional dos candidatos à Presidência”, explicou Manoel Motta.

O marqueteiro Mauro Cid também compara o número de indecisos dos candidatos majoritários com os proporcionais – deputado estadual e federal. “Na proporcional o número de indecisos chega até a 60%”. Para ele, o número de indecisos mostra que as pesquisas ainda não “dizem nada”, pois há chance de crescimento de todos, dependendo da campanha e potencial de cada um.

Para o professor João Edisom, esse quadro é bom, pois vai estimular o debate. “Ruim seria se a eleição já estivesse decidida desde agora. O debate é bom para a democracia”, refletiu.

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