Diferença chega a 46%

18/08/2010 09:02

Quem apostou que os preços do álcool hidratado seguiriam a mesma trajetória de 2009, quando nesta época do ano situavam-se em patamares de R$ 1,07 o litro, enganou-se completamente. No mercado, o que se vê e se sente no bolso é uma diferença de cerca de 46% entre o valor atual e o que vigorava há um ano.

Em praticamente todos os postos revendedores da Grande Cuiabá, os preços do etanol oscilam na casa de R$ 1,56, com tendência de estabilidade nos próximos meses.

Este ano, o quadro se apresenta totalmente diferente para a cadeia produtiva, com a conjuntura mostrando que a indústria não teria fôlego para trabalhar em circunstâncias semelhantes às de 2009, com aperto financeiro e margens extremamente reduzidas para as usinas em função do alto custo de produção e de alterações climáticas que derrubaram os índices de produtividade e da qualidade da cana-de-açúcar.

“No ano passado já havíamos feito este alerta: a situação das usinas é muito delicada e o setor não suportará a manutenção dos preços nos patamares atuais (de 2009). Ou a situação se ajusta ao patamar de R$ 1,50/litro para o consumidor ou a cadeia produtiva entra em depressão e quebra”, conta o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso, Jorge dos Santos.

No ano passado, por exemplo, nesta entre junho e início de agosto, os preços chegaram a R$ 1,02, R$ 1,05 e até a mínima de R$ 0,99 em promoção relâmpago.

A previsão do Sindálcool se confirmou e, este ano, os preços se mantiveram na casa de R$ 1,50, um pouco para mais do que para menos em relação aos valores esperados pelos usineiros, na ponta. “Não sabemos exatamente o que irá acontecer com o mercado daqui para frente, porém a situação é de equilíbrio e tudo indica que o quadro será mantido”, salienta.

2009 – Na avaliação do diretor do Sindálcool, a explicação para estabilidade dos preços em patamares bem acima da média praticada em 2009 está no aumento dos custos das usinas, que vinham operando com margem estreita ou até mesmo no vermelho nos últimos anos. Ele lembrou que preços abaixo de R$ 1,50 seriam inviáveis para as empresas.

“As empresas trabalharam no aperto até onde foi possível. Felizmente, todos entenderam que a situação estava difícil e o mercado se ajustou naturalmente”.

Segundo ele, a crise financeira de 2009 levou as usinas a praticar preços baixos para “fazer caixa” visando pagar a folha dos funcionários e, inclusive, quitar dívidas. “Hoje a situação mudou e as usinas estão com a situação mais equilibrada, não havendo mais necessidade de adotar preços tão baixos, a ponto de comprometer o resultado financeiro das empresas”.

Para ele, não existe razão “econômica e climatológica” para mudanças de preços tanto para usineiros quanto para as distribuidoras e postos revendedores.

Com a recuperação dos preços, Santos acredita que os usineiros poderão este ano pensar em fazer investimentos no parque fabril e nos canaviais, visando o aumento da produção e da produtividade nos próximos anos.

ABASTECIMENTO – Ele informou que uma eventual falta do etanol combustível em 2011, conforme previsto no ano passado, está descartada pelas usinas, uma vez que a safra deste ano (2010) será “mais alcooleira do que açucareira”. No começo do ano, especulou-se que pelo fato de os preços do açúcar no mercado internacional chegarem a ficar mais competitivos, as indústrias direcionariam a produção para este produto, em detrimento do álcool. “Entretanto, Mato Grosso não possui uma logística adequada para exportar açúcar, daí a decisão de voltar o foco para o etanol”.

Na safra 10/11 as usinas vão produzir 850 mil litros de álcool (hidratado e anidro) e 480 mil toneladas de açúcar.

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