Ação popular pode resgatar nome de avenida em Cuiabá

13/10/2010 09:36

Uma iniciativa popular pode fazer com que a Avenida Fares Abdalla Zarour, no bairro do Porto, volte a se chamar Avenida XV de Novembro. A mudança foi formalizada no dia 28 de setembro passado, quando, por 16 votos a favor, a Câmara Municipal de Cuiabá mudou o nome da via. Antes, o projeto havia sido vetado pelo prefeito Chico Galindo (PTB).

À época, os vereadores defensores do projeto alegaram que a família Zarour teria recolhido, durante alguns meses, assinaturas dos comerciantes e moradores da região, que se mostraram favoráveis à mudança. Porém, não é o que eles alegam: os próprios comerciantes e moradores começaram, na última semana, a recolher assinaturas em um abaixo-assinado que pede o embargo da lei.

As assinaturas devem ser entregues nesta semana, juntamente com o novo projeto de iniciativa popular, que, entre outras coisas, declara que a mudança acarreta problemas de âmbito financeiro.

“Nós vamos ter que mudar toda nossa documentação, legalizar tudo de novo. Eles podiam fazer tanta coisa e querem mexer logo no nome de uma avenida histórica, onde Cuiabá começou”, disse a comerciante Catarina Michéias, que trabalha na avenida há dez anos.

Para Helder Carlos Cardoso, também comerciante e que está na avenida há mais de cinco anos, a homenagem é justa, porém não no local em que foi feita. Além dos gastos em documentos, ele afirmou que ninguém foi consultado, como alegou a Câmara na época.

“Já faz algum tempo, umas pessoas passaram recolhendo assinaturas, alegando que queriam dar nome a uma praça aqui na avenida. Não me lembro qual era esse nome, porém esse foi o único abaixo-assinado que lembro de ter assinado. Se acaso usaram para mudar o nome da avenida, vou cobrar meus direitos”, informou.

No abaixo-assinado de agora, os moradores, ex-moradores e comerciantes reafirmam a importância histórica tanto da avenida como do Bairro do Porto e dizem que é preciso combater afrontas como essa.

Segundo alguns moradores, caso a lei não seja revertida, no dia 15 de novembro um protesto será feito.

Outro lado

 O vereador Everton Pop (PP), que esteve juntamente com Domingos Sávio (PMDB) no comando da sessão que aprovou a lei, afirmou que a iniciativa da mudança de nome foi totalmente da família Zarour.

“O trabalho de ir a campo, recolher as assinaturas e, após o veto do prefeito, mostrar a proposta a cada vereador, foi totalmente deles. A nossa aprovação se deve ao fato de 96% dos moradores e comerciantes da região terem assinado a lista a favor”, disse.

Questionado a respeito da veracidade do abaixo-assinado, Pop ponderou que os documentos foram entregues com números de RG e CPF e documentado em cartório.

De acordo com o vereador, da mesma forma que foi respeitada e avaliada a mobilização da família em mudar o nome da Avenida XV de Novembro, será caso os comerciantes e moradores do local entrarem com pedido de embargo.

“Tenho respeito total pela família e também pela mobilização popular. Sei que a Câmara tem outras prerrogativas, porém, no caso da lei, a família foi a grande responsável pelo trabalho; diga-se de passagem, bem feito. E, se tiver movimentação da população, também terei todo respeito”, completou o Pop.

Confira texto completo do abaixo-assinado:

“Os moradores e ex-moradores da Avenida XV de Novembro, nossa querida Rua Larga, como era conhecida, no Bairro do Porto, através do presente abaixo-assinado, protestam e pretendem embargar toda e qualquer movimentação visando a mudar o nome da Avenida XV de Novembro.

Um pouco de história: a Avenida XV de Novembro, no bairro do Porto (Freguesia de D. Pedro II), era conhecida como a Rua Larga ou Rua Grande que desembocava no cais do Porto e que recebia a Rua do Pescador, Rua Dom Aquino, XV de Novembro, atual nome da avenida, representa historicamente a eterna lembrança de um ato histórico de transcendental importância para o nosso Brasil qual seja a comemoração do dia da Proclamação da República.

Ao apresentarmos este abaixo-assinado como forma de repulsa àqueles que não respeitam nossa tradição histórica nem tampouco a nossa gente, demonstra também a preocupação do quanto ainda poderão aprontar os trogloditas de tais atitudes. Não nos interessa saber qual nome pretendem substituir, interessa a nós sim preservar parte da nossa história, mormente Cuiabá que tem sofrido todo tipo de discriminação e sempre preterida e invejada pelo que ela representa para a nação e a inveja clara e explícita do quanto o seu povo é humilde inteligente e que tem sabido esperar na esperança do porvir.

Vamos combater este tipo de afronta à nossa sempre querida capital do Estado de Mato Grosso”.

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