Sob Silval, classe política volta ao poder e poda “efeito empresário”

23/11/2010 15:49

 A reeleição do governador Silval Barbosa (PMDB) representa uma vitória da classe política, mesmo daquelas lideranças que, nas eleições gerais deste ano, estiveram na oposição, como o senador Jayme Campos, cacique político do DEM (ex-PFL). Os políticos, sob o peemedebista, voltam a ser representados num cenário, que tinha se transfomado em campo aberto para avanço do segmento empresarial.

   Blairo Maggi quebrou a tradição do Palácio Paiaguás ser comandado por político. Dos anos 1980 para cá, o Estado esteve sob Frederico Campos, Júlio Campos, Carlos Bezerra, Jayme Campos e Dante de Oliveira, todos da safra de políticos “carreiristas”. Em 2002, Maggi se apresentou com um discurso forte e inovador. Propagava ser empresário de sucesso, disposto a impor um novo jeito e estilo de fazer política, com transparência, honestidade, sem amarras políticas e com muita vontade para trabalhar. Tentou o tempo todo se desvincular dos políticos tradicionais, embora tivesse sido primeiro-suplente do senador já falecido Jonas Pinheiro, inclusive ocupado cadeira no Senado por quatro meses, em 1999. Jonas era um político nato. A administração Maggi deu tão certa que acabou reeleito em 2006, também no primeiro turno.

   A partir daí, criou-se espectativa de que a classe política dificilmente voltaria a comandar administrativamente o Estado mato-grossense, que tem o agronegócio como principal locomotiva do seu desenvolvimento. De um lado, empresários se uniram e, de forma preconceituosa, começaram a rotular políticos como desonestos e responsáveis por escândalos na vida pública.

    Todos iguais

    O problema é a última gestão Maggi se mostrou igual a dos antecessores. Surgiram denúncias de esquema de corrupção em vários setores do governo, como no Meio Ambiente, na Infraestrutura, na Educação e na Saúde. O escândalo que explodiu no última semana da administração, por causa do superfaturamento de mais de R$ 20 milhões em compra de máquinas pesadas, se tornou o terceiro maior da história do Estado. Perde somente para o Caso Cooperlucas, intrigrante calote superior a R$ 200 milhões aplicado pela Cooperativa Agrícola de Lucas do Rio Verde (Cooperlucas) junto ao Banco do Brasil nas operações de Empréstimo (EGF) e de Aquisição (AGF) do governo federal que aconteceu há 13 anos, e o esquema de corrupção na Assembleia Legislativa no início dos anos 2000 que causaram rombo de aproximadamente R$ 100 milhões.

    Mauro Mendes, segundo colocado nas urnas, seria o perfil empresarial que viria dar continuidade ao estilo Maggi de governar. O eleitor preferiu, porém, eleger um político que era vice do então governador. Assim, a classe política, depois de oito anos, volta a conduzir o Paiaguás com a certeza de que todos, na vida pública, são praticamente farinha do mesmo saco.

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