País triplica agronegócio sem ampliar área

24/12/2010 09:01

Segundo dados da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a estimativa é que as exportações desses produtos cheguem a US$ 70 bilhões em2010, superando o recorde de 2008.

O ex-ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes, atualmente no conselho de Administração da JBS, diz que a demanda mundial de alimentos vai dobrar nos próximos 40 anos. Considerando apenas o plantio de grãos, o país ocupa hoje 4% da área agricultável e deverá elevar esse percentual apenas entre 2,5% e 3% para duplicar sua produção e acompanhar o consumo.

Os Estados Unidos (EUA), principal concorrente na liderança global do agronegócio, tem 18% de sua área total dedicada à lavoura.

Segundo especialistas, o maior aliado do Brasil, nos últimos anos, tem sido a tecnologia. E a briga se concentrará neste campo: “Os EUA têm terra, água com limitações, sol, e muito mais que nós em termos de tecnologia. A nossa disputa maior pela liderança será medida sempre pelo altíssimo grau de investimentos deles”, diz Pratini de Moraes.

Ele lembra que os EUA destinam quantias vultosas de recursos a clonagem, vegetais geneticamente modificados e novos medicamentos. No Brasil, a Embrapa – braço de pesquisas e desenvolvimento tecnológico do Ministério da Agricultura – , contou com R$ 7,3 bilhões em orçamentos desde 2006. Hoje, ela tem mais de mil projetos de pesquisa sendo desenvolvidos e que poderão ter resultados positivos na agricultura brasileira.

Um estudo feito pela Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisas da revista Economist, mostra que o Brasil já é líder em cana-de-açúcar, suco de laranja, café, tabaco e frango. É também o maior produtor de carne bovina do mundo.

Pratini de Moraes acrescenta que somos o segundo maior produtor de soja e de milho, atrás dos EUA, e estamos na quinta posição em carne suína. “Creio que nos próximos anos seremos líderes absolutos em proteína animal, como frango e carne bovina”, prevê.

Infraestrutura – A maior pedra no caminho para alcançar a liderança é a falta de infraestrutura. O estudo da EIU lembra que apenas 10% da rede rodoviária do país é asfaltada e que, ainda assim, mais de 60% da produção agrícola é transportada em caminhões.

Além disso, o sistema ferroviário tem um sétimo do existente nos EUA, com interligação deficiente. Já o potencial hidrográfico não é explorado, apesar da rede fluvial brasileira ser 20% maior que a americana.

O estudo conclui que “o sistema portuário é caro e ineficiente” e que as filas podem chegar a 50 km de comprimento nos portos no auge da colheita, com caminhões esperando até 20 dias para descarregar.

Desde 2006, apenas a Embrapa – braço de pesquisas e desenvolvimento tecnológico do Ministério da Agricultura – teve orçamentos que somaram R$ 7,3 bilhões