12/01/2011 13:55
Eles são mais de 2,3 mil espalhados pelo Brasil. O dado é da BM&FBovespa referente ao número de investidores mirins, com até 15 anos de idade. São pessoas físicas que aprenderam o que é educação financeira e o levaram à prática. Outros ainda são pequenos demais para ter noção do dinheiro, mas já têm o futuro sendo planejado por pais, avós e responsáveis.
Os tempos são outros. Em um cenário de sistema financeiro consolidado e inflação controlada, o planejamento no longo prazo ganha asas. É nisso que pensam pais, avós e tios ao fazer algum investimento de olho no futuro da geração que vem vindo.
Este é o público que a gerente de mesa de fundos da Coinvalores, Jussara Pacheco, recebe para inscrever um cotista menor de idade como titular da aplicação. A corretora trabalha com o fundo CoinKids desde 2000. “No longo prazo, o investimento no mercado acionário tem batido todos os índices de inflação”, fala sobre o estímulo a este tipo de aplicação. “O tempo é o sucesso do produto.” A primeira preocupação dos responsáveis, segundo Jussara, é com a educação superior da criança por conta da competitividade no mercado de trabalho.
Enquanto os adultos fazem uma reserva para os pequenos, instituições também têm se articulado para estimular o aprendizado da educação financeira nas famílias. “A criança de hoje será um adulto saudável financeiramente”, explicou o professor de educação financeira da BM&FBovespa, José Netto Filho, sobre o objetivo de tais iniciativas. A própria BM&FBovespa oferece programas interativos para os mais novos, a Turma da Bolsa, além de cursos presenciais divididos por faixa etária.
Qual o momento certo para falar sobre dinheiro?
O professor divide essa conversa em duas etapas: aos seis e aos 11 anos. As primeiras noções vêm aos dois anos e meio, quando a criança começa a pedir as coisas, mas ainda não tem estrutura para assimilar a relação de escolhas e consequências, o que já acontece aos seis anos. Nesta idade, a criança tem melhor capacidade de organização e pode começar a aprender sobre responsabilidade. Mas como na infância ainda não se tem noção de tempo, os primeiros contatos com o dinheiro podem ser feitos através de “semanadas”, já que a famosa mesada levaria muito tempo para ser assimilada, segundo Netto.
A partir dos 11 anos e durante a adolescência, os gastos aumentam com o consumo na lanchonete do colégio, idas ao cinema e presentes de amigos. “É preciso negociar”, lembra o professor. O processo continua na adolescência, quando inicia a ruptura e é necessária uma nova conversa, pois os gastos são as idas ao shopping, compra de MP3, celulares e roupas. Mais tarde, a fase mais difícil quem sente são os pais. “É preciso reconhecer que o bebê cresceu, que se tornou um adulto e deve fazer as escolhas agora.”
Confira algumas dicas para os adultos ao ensinar as crianças
-explique por que está dando o dinheiro a ela
-determine dia e quantidade para entregar a “semanada” ou mesada
-a sugestão geralmente dada é de dar R$ 8,00 por semana quando é mais novo. Já aos 11, quando se trabalha a mesada, podem ser R$ 88,00
-a “semanada” ou mesada não pode ser punitiva, como explica Netto. “Você não pode dizer que vai dar mais dinheiro quando a criança tirar nota boa. É um erro sério, pois distorce a personalidade e perde-se a relação do uso do dinheiro”
-por volta dos seis anos, o dinheiro deve ser utilizado para a criança, para o universo dela, como revistas e gibis, por exemplo. Na adolescência, é a ida ao shopping e compras de aparelhos eletrônicos e roupas
-quando o gasto aumenta, uma conversa e ajustes ajudam a criança a se planejar
-para esclarecer, o dinheiro é para ter qualidade de vida, não deve ser assimilado para ter apenas uma “boa velhice”