Consumo de pães é crescente em MT

02/02/2011 10:13

Os mato-grossenses estão consumindo mais pães. Em 2010, estatísticas do Sindicato da Indústria da Panificação de Mato Grosso (Sindipan) apontam para incremento de 10%, em média, nas vendas do produto em comparação com 2009. Em proporção menor, o preço médio também registrou aumento de 5% no mesmo período em consequência da oscilação no valor da farinha de trigo. Alguns tipos de pães tiveram maior reajuste. Para este semestre estão previstos novas altas, cuja variação vai depender do impacto da seca na produção do grão na Argentina, que é a maior fornecedora da matéria-prima ao Estado.

Assim como a farinha, o preço do pão francês sofreu variações, e de R$ 5,90 no início de 2010 passou para cerca de R$ 8,50 o quilo no início deste ano. dependendo do estabelecimento. A principal matéria-prima, a farinha de trigo, era encontrada há um ano por R$ 55 a saca de 50 kg. Atualmente o preço gira em torno de R$ 70. O presidente do Sindipan, Luiz Garcia diz que apesar da alta de até 30% de um ano para outro, o valor reduziu na comparação com o período em que houve dificuldade para comprar o trigo e a saca chegou a custar R$ 115. “Agora o mercado se estabilizou e os preços estão acomodados. Antes de falar de aumento tem que esgotar as possibilidades, como os estoques e a produção de outros estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul”.

Apesar de estável, o preço da farinha de trigo pode variar de R$ 58 até R$ 80 dependendo da qualidade. O proprietário da panificadora Monte Líbano, José Souto, afirma que o investimento é de R$ 82 por saca para a produção na padaria dele. “É possível encontrar farinha por todos os preços, mas a qualidade tem ligação direta com o resultado do pão”.

O gerente comercial da Bunge, uma das maiores fornecedoras do Estado, Wilson Ferreira, contrapõe a estabilidade e afirma que a tendência é de alta depois da estiagem argentina. Segundo o comerciante, o mercado internacional aponta para elevação nos preços e o que é produzido no país é irrisório frente ao consumo, que em Mato Grosso é de 1,5 mil toneladas somente do que é fornecido pela Bunge por mês. “O mercado está em constante crescimento no Estado e ano passado vendemos 18% a mais do que em 2009”, afirma Ferreira ao comentar que o preço aumentou cerca de 6% no mesmo intervalo.

Prevendo reajustes, a panificadora Estação do Pão antecipou a compra do ingrediente para garantir um melhor valor no negócio. A gerente da padaria, Neusa Urbano, explica que a empresa estocou para evitar nova majoração. “Compramos um volume maior e agora estamos com produto armazenado”. A Estação do Pão vende aproximadamente 3,5 mil unidades por dia de pão francês, sem contabilizar as demais variedades que preenchem as prateleiras, como os integrais e os a base de vegetais.

Aliás, diversificar é um dos motivos do crescimento do consumo. Luiz Garcia conta que o sindicato promoveu palestras e cursos aos associados para profissionalizar e capacitar os trabalhadores. “O segmento da panificação diversificou a atuação. O cliente não vai apenas à procura do pãozinho francês, ele quer opções, tanto de pães quanto de alimentos em geral”.

Na padaria Los Angeles a variedade é o que agrega valor às vendas. Além do tradicional, a gerente Pâmela Maytê Fernandes revela que o estabelecimento está sempre à procura de novidades para ofertar aos consumidores, sejam doces ou salgados.

O cliente, tendo o produto à vista, acaba não resistindo. A dona de casa Beatriz Karen Aguiar Araújo conta que o pão francês quentinho sempre acaba a conquistando, mas que quando tem oportunidade aproveita para variar. “Pelo menos 4 vezes por semana compro pão para casa, mas sinceramente não sei quanto eu gasto na padaria”.

O analista de sistema Dailton Brandão Júnior diz que o gasto diário é de R$ 4, em média, e que às vezes costuma fazer pão em casa.

Produção – Mato Groso ainda não tem cultura de trigo voltada com finalidade comercial. O analista de operações da Companhia Nacional de Abastecimento em Mato Grosso (Conab), Petrônio Sobrinho, afirma que as poucas plantações em propriedades isoladas no Estado são feitas em caráter experimental voltadas para o desenvolvimento de variedades que adaptem ao clima da região. De acordo com ele, somente 485 toneladas foram produzidas no ano passado e que o crescimento vai depender de questões de mercado.

“O trigo seria safrinha, assim como o milho, plantado após a soja. Mas é preciso aumentar a demanda, por enquanto apenas um moinho opera aqui”. Segundo o analista, do trigo que é beneficiado pela indústria local, 90% é importado da Argentina, e por isso a tendência é que haja altas em breve. “Tudo indica que o preço vai subir”, pondera ao salientar que Conab não possui estoque regulatório para o trigo.

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