03/02/2011 16:59
Conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), dos 135 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia Legal em novembro e dezembro, o principal responsável (37%) foi Mato Grosso, que abriu 49,9 km2 de mata.
A comparação com os números do final de 2009 revela uma disparidade que chama a atenção. Em novembro e dezembro daquele ano, os satélites do Inpe detectaram 8,3 km2 de desmatamento em Mato Grosso, o que significava uma participação de 11,5% na atividade devastadora em toda a Amazônia Legal.
Nos dois últimos anos, pouco mudou a cobertura de nuvens sobre o Estado (o que muitas vezes “esconde” o desmate): ela variou de pouco mais de 43% da área em 2009 a aproximadamente de 54% em 2010.
Com o aumento, o final de 2010 teve Mato Grosso como líder no ranking dos desmatadores da Floresta Amazônica, seguido por Pará (42,7 km2) e Amazonas (14,1 km2). Na listagem referente aos desempenhos em novembro e dezembro do ano anterior, quando foram desmatados em toda a Floresta Amazônica pouco mais de 72 km2, o Estado ficou em terceiro, superado por Maranhão (18,7 km2) e Pará (40,3 km2).
O crescimento entre os mesmos períodos de 2009 e 2010, além de expressivo, surpreende pelo fato de que o ritmo desmatador vinha diminuindo nos últimos meses.
Embora Mato Grosso aparecesse como principal protagonista no âmbito da Amazônia, as últimas notícias davam conta de queda nos números da devastação, o que inclusive foi amplamente comentado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Mas o aumento verificado em Mato Grosso por meio do último boletim do Inpe não é necessariamente uma surpresa. É o que se depreende da análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV). O diretor do Programa de Governança Florestal da entidade ambientalista, João Andrade, aponta que os focos de desmatamento foram identificados principalmente em cidades de fronteira e de produção agropecuária.
Daí, surgem as hipóteses para explicar o que houve (embora os chuvosos finais de ano em Mato Grosso não sejam historicamente marcados por aumento no desmate): o preço em alta das commodities, o costumeiro relaxamento da fiscalização em anos eleitorais e a iminência de promulgação do novo Código Florestal, que prevê uma espécie de “anistia” a quem tiver desmatado até a data em que o novo texto entrar em vigor.