11/02/2011 17:30
Fábricas de confecções do Estado estão tendo dificuldade para encontrar o produto; custos subiram até 40% entre dezembro e fevereiro.
Ao mesmo tempo em que os produtores de Mato Grosso comemoram alta média de 170% no valor da arroba do algodão (acumulada nos últimos 12 meses), a indústria têxtil enfrenta a disparada nos preços, decorrente da falta do produto no mercado. A valorização provocou uma reação negativa no mercado consumidor mato-grossense e os custos subiram até 40% para as fábricas de confecção. As indústrias, que compraram o algodão mais caro do produtor, tiveram que repassar para as tecelagens, e que consequentemente chegou às lojas.
O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Mato Grosso (Sinvest-MT), Sérgio Antunes, comenta que as empresas estão com dificuldade em encontrar a matéria-prima. Ele explica que a fabricação de uniformes já sentiu o impacto no preço. “Ao vestuário de moda o reajuste ainda não foi repassado com tanta intensidade. Isso porque as empresas estão trabalhando com estoque”.
A empresária do segmento industrial, Claudia Fagotti, confirma que o cenário não é otimista. Ela revela que boa parte dos custos já foram repassados. “Recebemos um aumento de 40% que já foi repassado para a confecção de uniformes. Desse percentual, aproximadamente 20% já chegou para consumo final”. O restante do reajuste, a empresária explica que as empresas não conseguirão segurar por muito tempo. “Se a pluma continuar com esse preço teremos que subir proporcionalmente o valor dos produtos para o cliente”.
O presidente do Sindicato Confecções e Armarinhos de Mato Grosso (Sincotec-MT), Roberto Peron, acrescenta que nas lojas o aumento médio variou entre 7% a 10% de dezembro para fevereiro, o que deve impactar no consumo. “Em um primeiro momento, deveremos ter vendas menores, depois o consumidor irá se adaptar”.
Sobre o mercado produtor, o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, explica que a demanda se mantém aquecida desde o ano passado, tanto para o cenário internacional quanto no nacional. Ele ressalta que a alta na produção da pluma não acompanhou proporcionalmente o aumento no consumo. Para o agricultor, Paludo diz que a produtividade e a rentabilidade atingiram níveis satisfatórios. No entanto, ele ressalta que é impossível prever o desempenho do mercado para o ano. “É um setor que sofre muitas oscilações. Vai depender da oferta e procura”.
Dados dos Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que o preço da pluma acumula alta de 170% em Mato Grosso. É o caso de Sapezal, onde a arroba variou de R$ 43,46, em fevereiro de 2010, para R$ 118,43 atualmente. Em Campo Verde é observado um dos maiores preços, alcançando R$ 119,23/arroba, ante a R$ 44,46/arroba do ano anterior. Em Sorriso, o preço aumentou de R$ 43,86 para R$ 118,63, bem como em Campo Novo dos Parecis, que subiu de R$ 43,76 para R$ 118,53.
Com relação às exportações, no ano passado Mato Grosso embarcou 258,329 mil toneladas que renderam US$ 405 milhões.
Nova fábrica – Governo do Estado e Prefeitura de Cuiabá oficializaram a parceria para a instalação da indústria Vicunha Têxtil, no Distrito Industrial. Na quinta-feira (10), após reunião entre os chefes de governo e representante da empresa, foi definido a doação do terreno de 60 hectares pela prefeitura, avaliado em R$ 6 milhões. O estado oferecerá incentivo fiscal para a permanência da empresa. A Vicunha Têxtil fará um aporte de R$ 350 milhões para instalação da fábrica, com a geração de cerca de 2 mil empregos em fase de implantação, podendo chegar 6 mil vagas no total.