Russos avaliam limitações e avanços da agricultura brasileira

18/02/2011 07:54

Estes são os números que surpreendem os estrangeiros que visitam o Brasil. Trazidos por uma indústria de máquinas agrícolas, um grupo de produtores e profissionais da Rússia estão em visita a feiras, propriedades rurais e empresas da Região Sul desde o começo do mês de fevereiro.

O grupo de 20 russos foi trazido pela empresa Vence Tudo, de Ibirubá/RS, por meio de uma parceria com a representante na Rússia, a empresa Podshipnik. O interesse em conhecer a agricultura brasileira foi despertado por um dos colegas da Podshipnik que morou em São Paulo durante três anos e, frequentemente, falava sobre as conquistas do agronegócio brasileiro.

O roteiro dos russos no Brasil começou pelo Show Rural em Cascavel, PR. A diversidade de tecnologias e empresas numa apresentação direcionada para o produtor rural foi o que mais chamou a atenção dos visitantes. Além da visita a indústria de máquinas, os visitantes fizeram questão de conhecer o trabalho da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), questionando como o país ainda não chegou a auto-suficiência na produção do cereal. “O potencial para produzir trigo no Brasil é muito grande e contamos com tecnologia para garantir altos rendimentos. Alguns dos entraves, entretanto, são questões de mercado e políticas públicas que garantam liquidez à produção nacional”, explicou o pesquisador João Leonardo Pires, lembrando que a instabilidade climática também gera grande oscilação na produção de trigo. Atualmente, a Rússia é um dos principais exportadores mundiais de trigo, com uma produção próxima aos 80 milhões de toneladas por ano, enquanto no Brasil a produção tem sido de 5 milhões de toneladas porano.

Na visita aos produtores Vanderlei e Altair Basegio, em Coxilha/RS, a maior curiosidade foi em relação a rotação de culturas no sistema plantio direto. Segundo o gerente de exportação da Vence Tudo, Jair Bottega, o grupo, oriundo de diferentes regiões da Rússia, tinha dificuldade para entender como o produtor brasileiro consegue duas ou até três safras no mesmo ano agrícola. “Nas condições de produção da Rússia, eles precisam optar ou pela soja, ou o girassol, ou o trigo. Como os insumos acabam ficando de um ano para o outro, a tendência é repetir o cultivo na safra subsequente. Não é adotado, ainda, o conceito de rotação de culturas”, explica Bottega. O uso do plantio direto, segundo Bottega, está crescendo gradativamente na Região Sul da Rússia, onde o clima subtropical é semelhante ao sul-brasileiro. Assim, a troca de experiências com pesquisadores e produtores brasileiros aprimorou conhecimentos sobre manejo sustentável para melhoria do solo, adequação de máquinas e implementos no plantio direto, estratégias para vencer o clima adverso e cultivo do trigo como parte de um sistema de produção.