05/03/2011 12:24
Um dos símbolos do verão baiano, o caju, representa a geração de emprego e renda para agricultores familiares, sobretudo na região do recôncavo baiano, onde cresce a participação na produção do maturi (amêndoa da castanha verde), usado na culinária baiana em pratos como peixes, saladas, frigideiras, e da castanha (in natura e assada).
Com período de safra nos meses mais quentes do ano (dezembro a fevereiro), a cajucultura prevalece na região Nordeste do Brasil, onde representa 95% da produção nacional, concentrada nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia (IBGE, 2008). Nesse contexto, a Bahia é o terceiro maior produtor do fruto, com área plantada de 26.266 ha, área colhida de 26.020 e produção de 5.414 toneladas (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), quase toda concentrada na região semiárida do Estado.
Visualizando a participação da agricultura familiar na produção de caju, no recôncavo baiano, as Gerências Regionais da EBDA, em Cruz das Almas e em Ribeira do Pombal, numa parceria para desenvolver a cajucultura na região, começou a desenvolver ações como a distribuição de mudas para agricultores familiares.
Só no final de 2010, foram mais de 200 mudas de cajueiro anão precoce distribuídas, o que já promoveu mudanças na realidade do agricultor. “Hoje, eles já buscam orientação para melhorar as suas produções, o que antes não acontecia; a produção era quase toda extrativista, sem assistência técnica nem orientação quanto ao melhor aproveitamento do fruto”, comentou Jorge Silveira, engenheiro agrônomo da EBDA.
Segundo Silveira, a parceria permitiu a disponibilização de novas mudas para a instalação de Unidades Demonstrativas e a formação de Viveiros de Produção, utilizando material genético de qualidade. Outra parceria estimulada pela empresa é com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, que desenvolve trabalhos com cajueiro anão precoce em Unidades de Sistema Agroflorestal (SAF). Outras ações voltadas para a atividade são os treinamentos para o aproveitamento do caju, tanto do pedúnculo (polpa), quanto da castanha e, também, a substituição de copas, que implica na renovação das plantas velhas, a partir da substituição de suas copas por material geneticamente superior.
Qualidades do fruto
Do caju, a castanha é o principal produto comercializado pelos agricultores familiares do recôncavo. No município de Cruz das Almas, concentra-se toda a comercialização da castanha in natura, da região, e estima-se que, na safra de Verão 2010/2011 foram comercializadas mais de 1.500 toneladas. Silveira afirma que boa parte da castanha produzida na Bahia segue para o Ceará – maior produtor de castanha de caju, do país -, onde são processadas e comercializadas.
Além do aspecto econômico, os produtos derivados do caju apresentam elevada importância alimentar por ser rico em diversos nutrientes. A castanha ou amêndoa, quando torrada, tem grande valor no mercado internacional. Da castanha extrai-se um fino óleo de uso na indústria de cosméticos, de medicamentos, de alimentos, dentre outras.
Segundo Silveira, o maior problema encontrado com o fruto é o desperdício durante a extração da castanha. Estima-se que, de toda produção do recôncavo, com a prática da extração da castanha, cerca de 90% do fruto é desperdiçado. “O agricultor retira a castanha e joga fora o que resta, perdendo assim um alimento saudável que poderia ser transformado em produtos como a cajuína, doces de caju, compotas em calda, tipo ameixa, geleia, caju cristalizado, farinha, vinho, vinagre, licor, aguardente e xarope, entre tantos”, revela Silveira.