30/03/2011 08:32
O bom preço da soja no Brasil popularizou ainda mais a troca do grão por insumos para a safra seguinte. A prática ajuda a fixar preços e reduzir custos, e ainda pode livrar o produtor das constantes oscilações do mercado de comoddities, que tanto influenciam esse tipo de produto.
O agricultor Daniel Salomão nem terminou de colher a soja deste verão e já comprou os insumos para a safra de 2012. Ele pagou, mais uma vez, em sacas de soja. E vai cobrir de novo com o grão dos 580 hectares que tem. O produtor fechou as compras em fevereiro e calcula que economizou 2,9 mil sacas em relação às compras de 2010.
Esse ano nós fizemos um custo de 13 sacas por hectare. A conta do ano passado foi com 18 sacas por hectare. A saca fica em torno de R$ 48. Bom negócio, e com o preço dos insumos mais baixo – afirma o agricultor.
A troca de produtos, ou compra antecipada, ficou comum na década de 90 entre agricultores do Mato Grosso. Eles precisaram encontrar uma forma de adquirir produtos além do valor que conseguiam financiar para as propriedades, que por lá são bem grandes. No Paraná, esse sistema de compras passou a ser adotado por pequenos e médios agricultores, que são a maioria no Estado desde 2005. E de lá para cá tem funcionado.
Boa parte dos agricultores faz um pacote de compras, que inclui fertilizante, inseticida, fungicida, herbicida e as sementes. Muitas revendas facilitam estocando os produtos até que o agricultor comece o plantio. Este mês, os preços estão até 10% mais altos em relação a fevereiro. Luiz Antonio de Araújo, gerente de revenda de produtos agrícolas de uma unidade em Bela Vista do Paraíso, norte do Estado, diz que o volume de compras varia conforme a cotação da soja. Mas, no geral, este ano está vendendo mais.
Nós conseguimos fixar, do mesmo período do ano passado para esse ano, uns 70% da área de troca. Ele vai fixar o custo dele para o custo final até a colheita – diz o gerente.
O consultor de agronegócios Miguel Abrão afirma que o produtor rural descobre, cada vez mais, as vantagens de negociar em sacas, especialmente quando se fala em commodities.
Nos últimos cinco anos, a gente está vendo o produtor conhecendo Chicago, conhecendo dólar, avaliando se é melhor tomar crédito rural ou se é melhor ficar devendo em moeda commodity, porque não sofre interferência nem de Chicago nem de dólar. Isso é interessante. Outro fator importante: estamos vendo o problema da infraestrutura, que é totalmente incompatível com a evolução da safra brasileira – explica.
As cooperativas confirmam que o produtor tem hoje uma visão de empresário rural. Por isso, o diretor da Cooperativa Integrada de Londrina (PR), Sergio Otaguiri, acrescenta que o preço remunerador da soja também pode ajudar a eliminar dívidas de safras perdidas. É uma estratégia para manter a saúde financeira da atividade.
Principalmente aqueles que tiveram frustrações no passado, aproveitar os bons momentos, os bons preços, quitar essas dívidas passadas. E, aquele que não tem dívida, aproveitar o bom momento para se capitalizar, porque a gente não sabe o que vem pela frente, também. Essa é a recomendação não só nossa, mas de muitos especialistas da área – acredita.
fonte: Portal do Agronegocio