01/04/2011 13:36
O Brasil poderá conseguir a abertura do mercado da China para exportações de carne suína durante a visita que a presidente Dilma Rousseff fará ao país em meados de abril. Se conseguirem o sinal verde para os embarques, os produtores brasileiros esperam abocanhar metade das importações chinesas dentro de três anos, o que seria equivalente a US$ 500 milhões a preços e quantidades atuais.
A China é o maior consumidor de carne suína do mundo, responsável por metade da demanda. Mas quase todo o consumo de 50 milhões de toneladas é suprido pela produção local. Ainda assim, o país deverá importar 480 mil toneladas em 2011, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que prevê alta de 15% em relação ao ano passado.
Na próxima semana, a missão do Ministério da Agricultura chegará a Pequim para tentar concluir a negociação. Já existe o acordo para a venda de carne suína, mas a China ainda não credenciou os frigoríficos que podem exportar ao país, disse o adido agrícola do Brasil em Pequim, Esequiel Liuson.
No ano passado, o Brasil apresentou uma lista de 26 plantas para serem habilitadas. Os chineses visitaram 13 delas em novembro, mas falta a chancela oficial para que elas iniciem os embarques.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), prevê que o credenciamento das plantas poderá ser anunciado durante a visita de Dilma. As importações do país asiático são mínimas quando comparadas ao consumo doméstico. Ainda assim, a China foi o quinto maior importador em 2010, com compras um pouco superiores a 400 mil toneladas.
O Brasil exportou no ano passado 809 mil toneladas de carne suína. Se a previsão da Abipecs de conseguir metade do mercado chinês em três anos for confirmada, isso seria equivalente a 25% das vendas realizadas a outros países.
O embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney, lembrou que o Brasil conseguiu uma vitória importante nas exportações de carne bovina para o país asiático há uma semana, quando houve o anúncio oficial da habilitação de cinco novos frigoríficos. Com isso, já existem nove plantas credenciadas.
Abrir o mercado chinês às exportações de carne do Brasil é um dos principais pontos da agenda bilateral. A demanda existe, mas as barreiras sanitárias colocadas por Pequim impedem que ela seja atendida. “O interesse dos importadores chineses pela carne brasileira é enorme. Todos os dias eu recebo várias consultas”, observou Liuson.
Diversificação. Dominada pela soja, a pauta do agronegócio poderá se diversificar nos próximos anos, com o aumento da renda chinesa, que será acompanhada da elevação do consumo. O potencial do mercado pode ser medido pelo fato de que Hong Kong foi o terceiro maior destino das exportações brasileiras de carne bovina em 2009, com 10,5% dos embarques.
A quantidade vendida foi muito superior à capacidade de consumo da população da ilha, o que levou analistas a concluírem que parte significativa dela foi reenviada para a China continental.
Essa triangulação é uma maneira dos intermediários locais contornarem as restrições sanitárias impostas por Pequim. Até o ano passado, só quatro plantas brasileiras estavam habilitadas a vender carne para a China, o que provocava o descompasso entre a demanda local e a capacidade do Brasil de atendê-la.
As exportações de carne de frango são as mais consolidadas. Hoje, 25 plantas estão credenciadas para vender o produto à China e, em 2010, o Brasil foi o maior fornecedor do país asiático, com embarques de US$ 220 milhões. Dois anos antes, as vendas eram praticamente inexistentes.
fonte: Portal do Agronegocio