09/05/2011 11:57
Os produtores de cana-de-açúcar têm até 2017 para colocarem fim à queima da palha, prática necessária ao corte manual, em todas as áreas mecanizáveis do Estado. Por conta desta determinação, as usinas mato-grossenses estão intensificando os investimentos na mecanização das lavouras, que já atinge 60% de toda a área plantada, 230 mil hectares. Mas o processo de mecanização no Estado não será uniforme. ”Temos áreas onde não é possível mecanizar devido ao aclive em algumas regiões, superior a 12%. Mesmo assim, as empresas estão avançando nas etapas da mecanização para tornar o sistema mais moderno e eficiente”, explica o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooeiras de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos. Pela legislação, nas áreas de aclive o processo de mecanização só deverá estar 100% concluído quando tiver tecnologia disponível no mercado.
“Estamos bem adiantados em relação a outros estados. São Paulo, maior produtor nacional, ainda não chegou aos 60%”, garante Santos. O processo de mecanização, em Mato Grosso, segundo ele, vem sendo desenvolvido de forma sustentável e segura, com investimentos na formação, qualificação e treinamento de mão-de-obra para que os trabalhadores possam atuar em outros ramos de atividade. “O trabalhador precisa ter opção de trabalhar naquela área [sucroenergética] ou ser um profissional autônomo que pode ser absorvido em outros setores”.
O objetivo é impedir, por exemplo, que o avanço da mecanização nos canaviais mato-grossense gere desemprego, como já vem ocorrendo em outras regiões do país como São Paulo, onde foram fechados cerca de 40 mil postos de trabalho no corte da cana-de-açúcar desde 2007, de acordo com estudos do Departamento Economia Rural da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). No mesmo período, o setor sucroenergético abriu vagas suficientes para realocar apenas 10% dos ex-cortadores em atividades como a de tratorista. Outros postos abertos no ramo não são preenchidos por esses trabalhadores por causa da baixa escolaridade.
Baseado em análises dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a Unesp aponta que em maio de 2010 – mês em que há o pico da safra – trabalhavam na colheita manual 166,4 mil pessoas. Estima-se que, desse universo, 150 mil cortadores de cana sejam dispensados até 2014, último prazo para a implantação da mecanização naquele estado.
Para os especialistas, esse tipo de pressão ajuda a acelerar o processo de mecanização, mas não é o fator decisivo. “A questão é valorizar o etanol como combustível renovável e não agressor ao meio ambiente, é isso que está acontecendo”. As queimadas pioram a qualidade do ar nos municípios produtores e a colheita manual é apontada como um trabalho muito penoso. Porém, a perda maciça de empregos impacta diretamente milhares de famílias, devido à substituição do homem pela máquina.
“Nesse caso, é importante discutir questões como qualificação profissional dos trabalhadores, projetos que os amparem e formas de garantir a eles a conquista de um novo emprego, seja no contexto da lavoura mecanizada ou em outro lugar”, lembra Santos. Para ele, não há nada de mal em modernizar, pelo contrário, a mecanização torna possível maior proteção ambiental. “No entanto, não se pode esquecer dos trabalhadores, que precisam ser preparados para atuar em outros setores com nível de qualificação mais elevado”.
Um das vantagens da mecanização diz respeito aos benefícios que ela traz ao meio-ambiente, afinal, com ela elimina-se o corte manual da cana e as queimadas são evitadas. “É algo realmente muito bom em tempos nos quais a qualidade do ar vem diminuindo drasticamente”, ressaltam os especialistas.
Fonte:Portal do Agronegócio