16/06/2011 17:17
Uma “bomba” referente ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) pode estourar nos próximos dias no Palácio Paiaguás. O estudo, encomendado pelo governo do estado sobre a viabilidade do sistema, já nas mãos do governo e de parlamentares que acompanham o processo, apontou que o custo da obra pode ficar abaixo da metade do preço divulgado pelos que defendem o sistema, “estimado” em cerca de R$ 1,4 bilhão.
O RepórterMT teve acesso a dados sigilosos do estudo que apontou um custo inferior a R$ 700 milhões para implantação do sistema em Cuiabá. Uma boa notícia? Depende do ponto de vista.
A Agecopa diz que o trabalho ainda é inconcluso e novas avaliações foram pedidas, conforme divulgado no início da semana, depois de reunião do governo com os 19 membros do Conselho de Acompanhamento da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. O que deveria ser uma boa notícia, ao que parece, pode acabar gerando mal estar entre os membros do governo, que tratam do assunto.
A informação vai ao encontro da divulgada pelo RepórterMT logo após a reunião do Conselho, no início da semana quando, ao falar sobre o modal, o governador Silval Barbosa já demonstrava certo desânimo. A decisão sobre a escolha, que era para ocorrer na última sexta (10) foi adiada e a alegação foi justamente o item custo da obra, que não estaria muito “claro”.
Apesar disso, fontes ligadas ao estudo garantem que os consultores que realizaram as análises já apresentaram a primeira avaliação de custo. Segundo eles, a obra ficaria bem abaixo do previsto anteriormente, no caso R$ 700 milhões. Uma falha de cálculo de quase 100%.
Questionado sobre as cifras, o presidente da Agecopa, Eder Moraes, desconversou e disse que não irá falar de valores. “A decisão [de falar] cabe ao governador Silval Barbosa. Vou me reunir com ele para conversamos sobre a decisão do modal, mas neste momento não vou ficar dando tiro no escuro ao revelar valores e custos do VLT”, disse o presidente. A reportagem conversou ainda com o secretário de Comunicação de MT, Osmar Carvalho. Ele disse que, para o governo, não seria interessante divulgar valores no momento.
Nos últimos meses a discussão em torno do VLT ganhou força, com a sistemática atuação do deputado José Riva (PP) em favor da obra, que se tornou a “menina dos olhos” do presidente da Agecopa, Eder Moraes.
O sistema de trens “briga” com o sistema de ônibus (BRT) Bus Rapid Transit na escolha para ser o modal de transporte coletivo da Capital para a Copa e anos seguintes. O VLT saiu atrás, mas ganhou a dianteira na preferência, depois de insistentes argumentações do deputado Riva.
A pressão dos que defendem o VLT acabou por “derrubar” o então presidente da Agecopa, Yênes Magalhães, que lutava pelo BRT, pensando estar defendendo um “projeto de governo”.
No mês de abril, uma comitiva de MT foi à Europa conhecer modelos de VLTs. Na ocasião, estiveram na Cidade do Porto (Portugal), o presidente já empossado presidente da Agecopa, Eder Moraes, o governador Silval Barbosa, o presidente da AL-MT, deputado Riva (PP) e o 1º secretário da Casa de Leis, deputado Sérgio Ricardo (PR). De lá, Eder Moraes e o governador Silval voltaram “seduzidos” pelo modal e começaram, então, os trabalhos de estudo de viabilidade.
Os resultados já são conhecidos pelo governo. Segundo revelou Eder Moraes ao RepórterMT todas as obras de mobilidade urbana, inclusive VLT ou BRT, começam a sair do papel no próximo ano, ou 36 meses antes da Copa. Vale lembrar que, ontem (15) a presidente Dilma Rousseff autorizou contratação especial para obras referentes ao evento da FIFA. Isto significa que, como serão obras emergenciais, uma chuva de processos de dispensa de licitações deve ocorrer nos próximos anos.
Fonte:Reportermt