06/07/2011 07:37
Mesmo adubados de otimismo em relação à nova temporada agrícola, que além de incremento na produção promete bons preços no mercado internacional, os sojicultores mato-grossenses tiveram um sobressalto na última semana, quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) mostrou que os problemas climáticos não prejudicaram as lavouras na proporção que se imaginava. A preparação da nova safra que vinha sendo irrigada de bons preços no mercado futuro deverá reduzir o ritmo dos preparativos. Pelo menos por hora, a estratégia estadual segue aberta e deverá ser selada com os novos fundamentos que vieram da China – política de juros local que pode arrefecer consumo – como também dos próximos números do Usda.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) frisa que a nova safra de soja no Estado segue promissora “mas existem rumos a serem ditados pela China e pelos Estados Unidos”. De qualquer forma, o Imea destaca que a nova safra começou bem, principalmente pela comercialização antecipada com bons preços futuros negociados, com valores máximos em torno de US$ 24. “Devido a esses preços historicamente altos, o comprometimento, que no mesmo período do ano passado foi de 15%, chegou a 21% este ano e poderia ter sido maior, mas, antecipadamente, começaram as especulações sobre os preços, e com isso se esperou mais dos compradores. Esse rally de preços, que comumente ocorre no segundo semestre, foi antecipado, e a primeira batalha ocorreu sobre oferta e demanda mundiais, conforme relatório norte-americano”.
Na quinta-feira passada, o Usda divulgou o relatório final de plantio e o relatório trimestral de estoques. Depois dessas divulgações o mercado operou em forte baixa, fazendo o preço do contrato de soja cair 29,50 pontos, puxado pelo milho, que caiu mais de 70 pontos, estourando o limite de baixa de 30 pontos. Como explica o Imea, os Estados Unidos, maior player do mercado, estimam produzir 89,40 milhões de toneladas na safra 11/12, que seria uma redução de 1,3% em comparação com a safra anterior. Entrando no grupo dos maiores produtores da oleaginosa, a Argentina, terceiro lugar na produção mundial de soja – atrás do Brasil -, estima produzir 53 milhões de toneladas, configurando um aumento de 7,1% em relação à safra passada. Paralelamente à produção está o consumo, que na projeção norte-americana terá uma redução de 0,3%, porém, para a Argentina estima-se aumento de 2,5%. Os EUA vão reduzir sua exportação em 0,54 milhão de toneladas e a Argentina, aumentar sua exportação em 31,1%, pulando de 9 milhões para 11,80 milhões de toneladas. Para alguns analistas e até mesmo produtores, há o temor de que os preços já tenham atingido o limite de alta e que daqui para frente haja perdas de sustentação.
Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Seneri Paludo, a nova temporada, “sob a perspectiva atual, poderá ser a melhor dos últimos anos para Mato Grosso”, lastreada nos bons preços das commodities de modo geral no mercado internacional que ainda reflete pressão sobre o equilíbrio da oferta e da demanda.
O presidente da entidade, Rui Prado, conta que o segmento está mais motivado para a nova safra. Seja pela alta das cotações, como também por estar reduzindo o nível de endividamento, como também pela perspectiva de mais crédito para o financiamento da safra. No entanto, como adverte, existem fatores limitantes que podem ser impactantes à safra, “crédito que existe, mas não se acessa e fatores climáticos. Nossa atividade de alto risco e independente, muitas vezes, dos produtores. Isso tudo tem de ser considerado”.
Em sua primeira estimativa de safra para o novo ciclo – divulgada no início de junho – o Imea projeta um avanço de 3,5% na área plantada, que passaria de 6,41 milhões de hectares para 6,64 milhões.
fonte: Portal do Agronegocio