BC vê economia mundial com “sobressaltos” e crescimento fraco

10/08/2011 14:36

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta quarta-feira que o crescimento da economia mundial será “fraco” nos próximos dois anos, enquanto durarem os efeitos da crise financeira, que se agravou na última semana. Para Tombini, que discursou durante a abertura do Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, em Brasília, é preciso ficar alerta para imprevistos no cenário econômico mundial, devido à grave situação financeira das maiores economias do mundo.

“Essa trajetória pode estar sujeita a sobressaltos. O que sabemos é que o mundo vai crescer menos nesse período. Essa crise tira a força do crescimento. No caso dos Estados Unidos, a maior economia do planeta, houve uma revisão sucessiva das previsões de crescimento, que passou de 3% e hoje está abaixo dos 2% para 2011. Não sabemos quais os eventos ocorrerão, quais os episódios estarão na frente desse processo, o mundo crescerá menos do que se supunha antes”, previu.

O presidente da autoridade monetária, no entanto, está otimista quanto à solução da situação fiscal dessas economias. “Haverá, ainda, um nível amplo de liquidez global na tentativa de restabelecer esse crescimento, que será fraco nos próximos anos”, disse. Pra Tombini, a crise de 2011 se originou nas medidas tomadas pelos países desenvolvidos para conter a crise de 2008. “É a consequência fiscal da crise”, afirmou.

“As economias maduras não conseguiram estabelecer uma trajetória de crescimento. A recuperação tem sido hesitante. Todos os estímulos que foram colocados não conseguiram restabelecer o crescimento e o legado foi uma relação dívida/PIB acrescida. Nos EUA, testemunhamos toda a discussão sobre a elevação do teto da dívida. Isso gerou turbulências no mercado e temos visto impactos do rebaixamento da classificação de risco dos EUA. Isso não afeta as condições, mas o simples debate dá uma dimensão de como a questão fiscal é central para entender o mundo em que vivemos”, afirmou.

Tombini falou, ainda, sobre a decisão do Banco Central americano (FED, ou Federal Reserve) de manter a taxa básica de juros do país entre zero e 0,25% até meados de 2013. “A decisão do FED vem na direção de dizer que esse período de baixas taxas de juros prevalecerá nos EUA pelo menos até meados de 2013, esse é indicativo de reação das autoridades a ambiente de menor crescimento nos próximos anos”, avaliou.

“Não podemos fraquejar”
Apesar de considerar que o Brasil está preparado para o impacto das consequências de uma piora do cenário financeiro internacional, o presidente do BC destacou que o governo não pode reduzir as barreiras que ajudaram o País a atravessar a crise de 2008. “Não podemos fraquejar. Certamente, daqui a dois anos, não só teremos tido um período razoável para economia, mas teremos saído fortalecidos da crise”, disse. Tombini elencou as medidas tomadas pelo governo em 2008 e 2009 para minimizar os efeitos da crise no Brasil.

“Nossa primeira linha de defesa é o câmbio flutuante; outra medida são as nossas reservas internacionais, que aumentaram em quase US$ 150 bilhões desde 2008. Caso ocorra uma parada nos mercados, temos recursos do sistema financeiro depositados no BC em níveis bastante maiores que a média dos países. De 2008 para cá, aumentamos esse compulsório em quase R$ 170 bilhões. Nosso sistema financeiro está capitalizado, funcionando, expandindo de forma robusta”, avaliou.

Tombini também considerou o aumento no número de famílias que passaram para a classe média – 30 milhões de pessoas na última década -, que fortaleceram o mercado consumidor interno e amorteceram o impacto da crise de 2008. “Essa classe é uma fortaleza, serviu ao País em 2008 e não será diferente se tiver uma piora do cenário em 2011”, disse.

fonte: Terra

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