Ufam identifica rio subterrâneo debaixo de rio Amazonas

25/08/2011 17:35

Trabalho desenvolvido pela pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Elizabeth Tavares, apontou indícios de um rio subterrâneo debaixo do rio Amazonas de até quatro mil metros de profundidade.

O rio foi batizado de Hamza, em homenagem ao orientador de Elizabeth, o indiano Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional.

A área de estudo abrange as bacias sedimentares de Acre, Solimões, Amazonas, Marajó e Barreirinhas.  O trabalho de Elizabeth foi baseado em dados de temperaturas de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras, nas décadas de 1970 e 1980, na região Amazônica.

O trabalho foi apresentado durante o 12º  Congresso Internacional da Sociedade Brasiliera de Geofísica, no Rio de Janeiro, na semana passada e foi divulgado nesta semana pelo Observatório Nacional, órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Segundo o estudo divulgado pelo Observatório Nacional, a metodologia utilizada baseia-se na identificação de sinais térmicos típicos de movimentos de fluidos em meios porosos.

Conforme os resultados  das  simulações  computacionais,  apresentadas  pela  doutoranda Elizabeth Pimentel, o fluxo de águas subterrâneas é, predominantemente, vertical até cerca de 2 mil metros de profundidade, mas muda de direção e torna-se quase horizontal em profundidades maiores.

O sentido deste fluxo lateral é de oeste para leste, iniciando na região de Acre, passando pelas bacias de  Solimões,  Amazonas e Marajó e  alcançando  as profundezas do mar,  nas adjacências de  Foz de Amazonas.

Segundo Hamza, essas características são semelhantes a de um rio subterrâneo debaixo de  rio  Amazonas. De acordo  com essa  interpretação, a região  Amazônica possui dois sistemas  de descargas de  fluidos: a drenagem  fluvial na superfície que constitui o Rio Amazonas e o  fluxo oculto das águas subterrâneas através das camadas sedimentares profundas.

Vazão

Conforme o estudo, ambos os rios têm o mesmo sentido de fluxo, de oeste para leste. Contudo, existem diferenças  marcantes  na  vazão,  nas  larguras  das  áreas  de  drenagem  e  nas  suas  velocidades  de escoamentos.

A vazão média do Rio Amazonas é estimada em  cerca de 133 mil metros cúbicos, enquanto a vazão do fluxo subterrâneo (Rio Hamza) é estimada em 3090 metros cúbicos.

Esse valor é pequena em relação à vazão do Rio Amazonas, mas é indicativo de um sistema hidráulico subterrâneo, gigantesco, na face terrestre.

Conforme o estudo, para se ter uma idéia da importância deste sistema, basta notar que a vazão subterrânea na região Amazônica é superior à vazão média do Rio São Francisco.

A largura do Rio Amazonas varia de 1 a 100 quilômetros, na área de estudo, enquanto a do fluxo subterrâneo (rio Hamza) varia de duzentos a quatrocentos  quilômetros.

Segundo Hamza, as águas provenientes do fluxo subterrâneo da região Amazônica, eventualmente, emergem nas partes profundas do mar, na região da margem continental adjacente à Foz do Rio  Amazonas.

É provável que as descargas deste fluxo subterrâneo sejam as responsáveis pelos extensos bolsões, de baixa salinidade do mar, encontrados nas adjacências da Foz do Amazonas.

Fonte:Uol

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