Dez dias a mais no ano letivo podem aumentar em 44% o aprendizado dos estudantes, diz MEC

22/09/2011 09:11

O aumento de dez dias de aulas no ano letivo é capaz de aumentar em 44% a aprendizagem dos estudantes, revela estudo divulgado nesta quarta-feira a pedido do Ministério da Educação (MEC). O ministro Fernando Haddad quer ampliar o tempo de permanência dos alunos nas escolas e discute com estados e municípios medidas como a extensão do ano letivo dos atuais 200 para 220 dias e o acréscimo de pelo menos uma hora de aula na jornada diária.

A ideia foi anunciada pelo ministro na semana passada. Nesta quarta-feira, ele afirmou que a proposta ajudaria a reduzir a desigualdade de aprendizagem entre estudantes no país.

O levantamento foi apresentado pelo economista Ricardo Paes de Barros, que é secretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Feito com base em pesquisas nacionais e internacionais, o estudo mostra que o aumento de dez dias efetivos de aulas por ano seria suficiente para aumentar em 6,6 pontos a nota média dos estudantes na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

O Saeb é uma prova aplicada a cada dois anos pelo ministério para saber o nível de conhecimento dos alunos brasileiros. Segundo Paes de Barros, um aluno aprende em média o equivalente a 15 pontos durante um ano.

O secretário disse que os estudos científicos analisados não mediram o impacto do aumento de uma hora por dia na jornada diária dos estudantes. Segundo ele, a medida também seria benéfica, mas não é possível estimar o peso dela.

– Sabemos que o aumento do ano letivo tem impacto enorme. O da jornada (diária) pode ser maior, mas não sabemos – disse Paes de Barros.

O ministro lembrou que há um projeto de lei no Congresso que trata do assunto. A proposta, que já foi aprovada no Senado e seguiu para a Câmara, aumenta de 800 horas para 960 horas a duração anual do ano letivo. Segundo Haddad, o projeto poderá ser aproveitado, mediante modificações que sejam fruto de consenso na discussão com secretários estaduais e municipais de educação. Segundo o ministro, seria possível até mesmo mesclar a expansão do ano letivo com uma carga horária diária maior. Para Haddad, o assunto é debatido no Congresso de forma “desorganizada”. Ele espera concluir a discussão até o fim do ano.

– Hoje existem evidências fortes de que a carga horária anual é baixa no Brasil. Quatro horas por duzentos dias é um caminho que nenhum país está trilhando. Ou você tem mais horas por dia ou mais dias por ano, totalizando mais do que 800 horas – disse o ministro.

O estudo revela, porém, que a qualidade dos professores tem maior impacto do que o aumento da carga horária. Segundo Paes de Barros, estudantes que têm aulas com os melhores professores aprendem 68% a mais num ano do que os colegas que têm aulas com os piores professores. A redução do número de alunos por turma teria, segundo a pesquisa, um impacto igual ao da extensão do ano letivo e/ou da carga horária diária: 44% de maior aprendizado ou 6,6 pontos na escala do Saeb.

Fonte:OGlobo

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