29/09/2011 09:27
Pesquisadores descobriram que pessoas em papéis que lhes dão poder, mas não lhes dão status, têm uma tendência a se envolver em atividades degradantes em relação aos seus subordinados.
O estudo “A Natureza Destrutiva do Poder sem Status”, que mostra que a combinação de autoridade com pouco status pode ser “uma combinação tóxica”, será publicado no próximo exemplar do Journal of Experimental Social Psychology.
A pesquisa é “baseada nas noções de que a) posições de baixo status são ameaçadoras e aversivas e b) o poder libera as pessoas para agirem com base em seus estados e sentimentos internos”, ou seja, sem grande preocupações com os outros.
Abu Ghraib e Experimento de Stanford
No experimento, os estudantes-chefes que não possuíam status compatível com sua autoridade foram muito mais propensos a atribuírem tarefas degradantes aos seus subordinados – a lista de tarefas trabalhos aceitáveis e coisas como “latir como uma cão três vezes”.
Os pesquisadores comentam que o poder sem status pode ter contribuído para os atos cometidos por soldados dos EUA na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, em 2004.
Esse incidente lembrou os comportamentos exibidos durante o famoso Experimento da Prisão de Stanford, em que alunos maltrataram outros a ponto de o experimento, feito no Instituto de Psicologia da Universidade de Stanford, ter de ser abortado.
Em ambos os casos os guardas tinham poder, mas faltava-lhes respeito e admiração aos olhos dos outros. Nos dois casos os presos foram tratados de forma extremamente degradante.
O poder não corrompe sempre
A hierarquia social, afirma o estudo, não gera tendências degradantes por si só.
Em outras palavras, a ideia de que o poder corrompe sempre pode não ser inteiramente verdadeira.
Só porque alguém tem o poder ou, ao contrário, está em um papel de “baixo status”, não significa que eles vão maltratar os outros.
Em vez disso, “poder e status interagem para produzir efeitos que não podem ser totalmente explicados estudando apenas um ou outro com base na hierarquia.”
Como evitar o abuso de poder
Uma maneira de superar essa dinâmica, de acordo com os autores, é encontrar formas para que todos os indivíduos, independentemente do status de seus papéis ou funções, sintam-se respeitados e valorizados.
“O respeito alivia sentimentos negativos sobre seu papel de baixo status e os leva a tratar os outros de forma positiva,” dizem os autores.
Oportunidades para o crescimento na carreira também podem ajudar.
“Se um indivíduo sabe que pode ganhar um papel de maior status no futuro, ou ganhar um bônus por tratar bem os outros, isto pode ajudar a atenuar seus sentimentos e comportamentos negativos,” afirmam.
Os pesquisadores concluem, no entanto, que, “Nossas descobertas indicam que a experiência de ter poder sem status, seja como membro das forças armadas ou como um estudante universitário participando em um experimento, pode ser um catalisador para a geração de comportamentos degradantes que podem destruir relacionamentos e impedir o comportamento amigável.”
Por:Redação do Diario da Saude