Haddad confirma que Inep vai recorrer e classifica decisão judicial como sóbria

01/11/2011 09:53

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou, na noite da segunda-feira, que a decisão da Justiça Federal do Ceará de anular em todo o país 13 questões do Enem é “sóbria e ponderada”, mas, mesmo assim, o governo federal deve recorrer para que “99,9%” dos estudantes que fizeram a prova não sejam afetados “desnecessariamente”.

“Penso que caberá ao Inep desmontar para o presidente do Tribunal Federal que essa solução afeta desnecessariamente 99,9% de pessoas que não tem absolutamente nada a ver com o que ocorreu numa determinada escola de Fortaleza”, disse, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Haddad acredita que a medida mais adequada seria a anulação da prova apenas para os alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, que tiveram acesso às questões antecipadamente. Ele acredita que a maioria dos alunos que fizeram a prova talvez não estejam de acordo com a decisão da Justiça Federal do Ceará.

“O Inep vai recorrer porque entende que o que ocorreu em Fortaleza foi uma situação isolada. A melhor solução seria reaplicar a prova para os que foram beneficiados por aquilo que parece ser uma ação delituosa. Ou cancelar as 13 questões para esses alunos”.

Apesar do plano de recorrer, o ministro elogiou a decisão, considerada mais “ponderada” do que a do ano passado, quando o Justiça anulou por meio de liminar a prova em todo o país por causa de uma falha de impressão. Na segunda instância, a liminar foi cassada.

“Este ano, a decisão é muito mais sóbria do que a de anos anteriores. É preciso reconhecer que o juiz já na primeira instância afastou a tese de anulação de todo o exame. Seria um verdadeiro desastre se fosse atendido o pedido do Ministério Público (de anular a prova)”.

Mais uma vez, o ministro rebateu as críticas de que o Enem vive um problema constante de segurança. Para Haddad, não é possível comparar o caso de 2009, quando a prova foi anulada depois de ser roubada na gráfica por um grupo que tentou vendê-la a órgãos de imprensa, com o do ano passado, quando houve erro de impressão, e o deste ano, quando alunos do Colégio Christo tiveram acesso a algumas questões.

O ministro disse que “ninguém está confortável com os problemas”, mas é necessário contar com o apoio e confiar nas escolas que participam da prova. Sobre os protestos de estudantes por causa dos vazamentos, afirmou que gostaria de ver um pesquisa de avaliação do Enem e disse desconfiar que a maioria dos estudantes não tem críticas à prova.

Haddad também defendeu que o Enem privilegie cada vez mais o raciocínio dos alunos em suas questões em vez da memorização do conteúdo.

Fonte:O Globo

Tags: