23/11/2011 08:41
Embora tenha trazido a promessa de crescimento e redenção para vários setores da economia em todo o país, a Copa do Mundo de 2014, trouxe também ansiedade e receio para o setor hoteleiro que já começa a calcular provável prejuízo com o pós-Copa. O legado é uma incógnita e o que vai acontecer com o segmento, só o tempo dirá.
Como uma bola de neve, empresários da hotelaria por todo o país estão mergulhando na preocupação, já que muitos investimentos vem sendo feitos para dotar as cidades sedes de leitos para acomodar milhares de turistas durante a Copa do Mundo. Muito se tem investido e muitos projetos estão encaminhados. O temor da ociosidade nos hoteis, já está fazendo com que empreendedores gritem ante a um caos eminente.
O alerta foi dado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso (ABIH-MT), Luiz Verdun logo após a definição das 12 cidades-sedes, em 2009: “Vamos nos preparar para receber milhares de turistas durante um curto evento. Com muitos investimentos, deveremos dar conta do recado. E depois, o que faremos com tantos quartos vazios?”.
Dois anos depois, essa é a preocupação que começou a tomar conta dos dirigentes de associações de hoteis e empresários de Belo Horizonte e Manaus. E ecoou novamente entre hoteleiros de Cuiabá e Várzea Grande. A situação veio à tona na imprensa, esta semana.
O gerente do Hotel Diplomata, Rodrigo Verdun expôs a preocupação do setor, fazendo um apelo por apoio do governo. “Hoje hoteis de Cuiabá e Várzea Grande estão com 70% de sua capacidade preenchida. Com os investimentos que estão sendo feitos nas duas cidades, receio que essa demanda vai cair para 56% após a Copa. Seria uma taxa limite altamente preocupante e derrubaria a margem de lucro. Os números de Cuiabá e Várzea Grande só não são piores que os de Belo Horizonte”, afirma Rodrigo.
De acordo com a ABIH-MT, estão sendo construídos, hoje, 1.443 leitos em Cuiabá e Várzea Grande. Ainda estão em projeto, mais 1.076 quartos, só faltando os trâmites legais.
“Teremos com certeza um ‘boom’ de lotação em um período de 10 a 15 dias, quando Cuiabá estiver sediando jogos do Mundial. A tendência seguinte é um vazio”, lamenta Rodrigo, fazendo um apelo ao governo: “É preciso que discutam, desde já, uma política de incremento ao turismo, para que possamos ter movimento. Cuiabá deverá ter uma estrutura forte para este evento. Vejo um forte potencial turístico na região, como Chapada dos Guimarães, Pantanal, Nobres, Jaciara e outros. Porém, é preciso estruturar. E isso vai desde a preparação do aeroporto até a melhoria do saneamento que é uma questão que está ligada diretamente à qualidade do turismo”.
Segundo Rodrigo Verdun, “o Governo está trabalhando para trazer investidores, mas não conta com um ponto de equilíbrio. Vejo a necessidade de aproximação do Estado com o trade turístico. Seria interessante, por exemplo, definir uma política de comunicação e distribuição dos eventos, com uma agenda de conciliação, para que não tenhamos de uma só vez vários acontecimentos na cidade provocando superlotação nos hoteis, enquanto em outros períodos, a cidade para e os hoteis ficam vazios.
“Com o potencial turístico que Mato Grosso tem, ainda falta a capacitação de profissionais e alternativas para fomentar o turismo como o que acontece em Curitiba, por exemplo, onde há ônibus para city tour. Por aqui, temos muitas alternativas próximas como a ‘Rota do Peixe’, Passagem da Conceição, Igreja Matriz, Museu do Rio e tantos outros pontos. É possível sim que se faça um trabalho nesse sentido. Cuiabá iria atrair muito mais turistas. Mas, é necessário que se desenvolva essa vocação”, afirma.
Para o gerente do Hotel Diplomata, a atual secretária de Estado de Turismo, Teté Bezerra vem realizando um bom trabalho à frente da pasta, mas, “ela deve receber apoio. Imagino que com maior aproximação do trade e diálogo frequente, o setor pode alavancar. Essa seria uma boa luz para o turismo e traria a esperada tranquilidade ao setor de hotelaria”.
Fonte: Redação/Copa no Pantanal