24/11/2011 11:53
Promover a união da diversidade. Esse foi o tom da abertura da 2ª Feira do Livro Indígena de Mato Grosso (Flimt), que aconteceu na noite do dessa quarta-feira (23.11) no Palácio da Instrução em Cuiabá. Para iniciar a noite, o músico Shaneihu Yawanawa encantou o público com as músicas da floresta acreana. Após a apresentação de Shaneihu, que falou sobre a união dos povos, o respeito às diferenças e o valores da vida, a solenidade continuou com a presença de autoridades locais e o show de Estela Ceregati e Banda.
Durante o evento, o secretário de Estado de Cultura, João Malheiros, destacou a valorização da literatura indígena como difusora da cultura desses povos, lembrando que Mato Grosso tem hoje 42 etniass e isso é um fator importante para a valorização dessas comunidades no Estado. Malheiros falou ainda sobre a Flimt como um espaço que não abriga somente autores indígenas, mas também os autores regionais e atividades paralelas à literatura como música, canto, dança, comercialização de artesanatos, entre outras atividades. “São três dias que o povo da baixada cuiabana está convidado a participar e nos ajudar a levar Brasil afora o que nós temos de melhor”.
Sobre a realização da Flimt Malheiros explica que o papel do Governo do Estado é realizar a aproximação e promover o respeito à cultura indígena. “Esse é o nosso papel, e o Governo do Estado nos designou para isso. Espero que seja agradável para todos que vierem”, finalizou.
Já o secretário de Estado de Educação, Ságuas Moraes, destacou os saberes dos povos indígenas e a importância da literatura para a compreensão da cultura e do modo de vida dessas comunidades. No âmbito da educação, Ságuas lembrou que em Mato Grosso a educação indígena hoje é bilíngue e que a produção vem a melhorar o acesso dos estudantes ao tema. Moraes acredita que a literatura indígena vai fomentar o surgimento de mais autores e assim preservar a cultura dos povos indígenas.
Daniel Munduruku, escritor e um dos coordenadores da Flimt, salienta que essa é a única Feira voltada para a Literatura Indígena do país, o que é um grande avanço para os povos indígenas do Brasil. “É mais do que felicidade a gente perceber que há um interesse do Poder público de proporcionar aos habitantes do Estado uma Feira nesse nível. É claro que para os nossos povos uma Feira como essa é um momento de oferecer visibilidade”.
PROGRAMAÇÃO
No dia 24 acontece, a partir das 9h, a Reunião sobre o Plano Estadual do Livro e da Leitura de Mato Grosso (PELL/MT), que pretende debater o fomento e a difusão da leitura no Estado. Durante os três dias acontecem, sempre das 10h às 11h, as oficinas voltadas para educadores, estudantes, pesquisadores e o público em geral; às 11h acontece também o ‘Encontro com o Escritor’, momento em que autores como Daniel Mundurku, Olívio Jekupé, Roni Wassiri, Carlos Tiago e Elias Yaguakã apresentam suas obras para o público.
No dia 26, às 9h, o cacique Raoni marca presença com suas ‘sábias palavras’. Convidado especial do evento, o cacique vem a Cuiabá dar voz aos povos do Xingu. No período da tarde, iniciam as atividades como bate-papo, mesas e palestras. A partir das 17h, o Instituto Inca realiza a Mostra Audiovisual “Olhares sobre os Povos da Mata” e às 19h30 acontece a ‘Festa no pátio’, momento de música e literatura. No dia 24, a Festa no Patio realiza ainda a entrega do prêmio do Concurso da Logomarca dos 100 anos da Biblioteca Estadual Estevão de Mendonça.
Além da programação, o público poderá encontrar a ‘Livraria da Feira do Livro Indígena’, onde as editoras irão comercializar as obras, e no ‘Espaço da Editora’, cada uma levará um autor e sua obra para confraternizar com o público presente. O Público poderá visitar exposições de Artefatos e fotos, e ainda conhecer um pouco mais do Palácio da Instrução, patrimônio histórico do Estado.
A Flimt integra ainda os projetos ‘Encontro da Literatura Indígena’ e ‘Conversando sobre Literatura e Cultura Indígena’ com o intuito de fortalecer os escritores indígenas, que nos últimos anos vem ganhando espaço no setor literário. Com relação a publicação de obras de autores indígenas, existe um número considerável de produção no País, considerando a característica oral dessas comunidades. Só no Catalogo do Núcleo de Escritores Indígenas existem mais de 60 obras incluindo as de Daniel Munduruku, um dos autores com mais publicações, chegando a 42 livros em sua trajetória. Nesse mapeamento não constam as obras publicadas de forma independente, através de projetos e instituições governamentais.
A Flimt é uma realização do Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Cultura com patrocínio da Petrobrás e Governo Federal. A Programação acontece até o dia 26 de novembro.
Fonte:Secom/MT