08/12/2011 12:12
O estado de São Paulo não fiscaliza a concentração de agrotóxicos de diversos alimentos vendidos no varejo que apresentaram problemas na última análise feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os campeões são pimentão, morango, pepino, alface e cenoura. Em São Paulo, só são avaliados três produtos cultivados: arroz, feijão e laranja pera. Todos os demais circulam livremente.
O estudo da Anvisa, chamado Para (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), analisou 2.488 amostras de 18 alimentos em 26 estados e no Distrito Federal. São Paulo foi o único estado que não participou do estudo. A Secretaria Estadual de Saúde alegou que não entrou no programa porque já faz as suas análises de amostras colhidas no comércio e que esses dados são divulgados e colocados à disposição da Anvisa.
O problema maior é que o estudo paulista, feito a cada dois anos, não inclui os produtos mais afetados pelos agrotóxicos, como legumes, verduras e frutas. Na relação de São Paulo estão 20 produtos: leite UHT, leite pasteurizado, palmito em conserva, amendoim japonês, ovinhos de amendoim, doce de amendoim, alface embalada pré-higienizada, salsicha para hot dog, hambúrguer, salgadinhos de milho, biscoito salgado, sucos e néctares de frutas, refrigerantes, refrigerantes light, diet e zero, água mineral, arroz, feijão e laranja pera.
Além de checar os níveis de agrotóxico, o estudo paulista verifica a avaliação de rotulagem e faz análises físico-química e microbiológica. A secretaria informou que estuda ingressar no programa de agrotóxicos da Anvisa somente em 2012.
Fiscalização precária /De acordo com Luiz Cláudio Meirelles, gerente de Toxicologia da Anvisa, a concentração excessiva de agrotóxicos verificada nos alimentos ocorre, principalmente, pela precariedade de fiscalização. “O território brasileiro é vasto e existem poucos fiscais. Além disso, diversos produtores rurais não conhecem corretamente os limites técnicos de muitas substâncias e aplicam de maneira errada os agrotóxicos”, afirmou o gerente da Anvisa.
Segundo o Ministério da Agricultura, existem aproximadamente 3 mil fiscais para analisar 5 milhões de propriedades rurais no país. De acordo com a Anvisa, a fiscalização cabe aos estados. Em São Paulo, a Secretaria de Saúde não informou quantos profissionais são encarregados da tarefa.
Para Meirelles, a boa notícia do último levantamento é que o tomate e a batata apresentaram níveis mais baixos em relação a estudos anteriores. “Isso demonstra que foram feitos esforços em toda a cadeia produtiva para que a situação melhorasse. Esperamos que o mesmo seja feito para os outros produtos”, afirmou.
Em São Paulo, o morango desperta maiores cuidados, pois o estado é o quarto maior produtor no Brasil. O alimento figura em segundo lugar com maior incidência de problemas, tendo 63,4%, atrás apenas do pimentão. Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), são comercializadas 10 mil toneladas a cada ano.
Substâncias causam câncer e infertilidade
De acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o consumo de alimentos com concentração excessiva de agrotóxicos ao longo dos anos pode provocar diversas doenças, como câncer, infertilidade, problemas hormonais, deficiência imunológica e distúrbios neurológicos, entre outras patologias. Os agrotóxicos são usados para controlar pragas.
“Tudo depende do tipo de substância presente no agrotóxico e do tempo de consumo. Existem diversas variáveis”, afirmou Sérgio Graff, toxicologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
No ano passado, a Academia Americana de Pediatria realizou um estudo com 1,1 mil crianças. As 119 que apresentaram transtorno de falta de atenção possuiam resíduo de organofosforado (molécula utilizada em agrotóxicos) na urina, acima da média de outras crianças.
A curto prazo, a ingestão inadequada de agrotóxicos pode apresentar sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras. Dos 50 princípios ativos mais usados em agrotóxicos no Brasil, 20 já foram banidos na União Europeia, de acordo com a Anvisa. O endossulfan, por exemplo, comumente encontrado no pimentão, não é mais utilizado nos Estados Unidos e China. A substância foi reavaliada no ano passado e deve ser banida do país até 2013, de acordo com a Anvisa.
DICAS PARA SE PREVENIR
Deixar os alimentos por 30 minutos em uma bacia d’água com bicarbonato de sódio. Após o período, lavar com água corrente. Consumir alimentos da época, pois são menos sujeitos a agrotóxicos. Adquirir alimentos orgânicos, pois não utilizam produtos químicos. Eliminar as folhas externas das verduras.
Cuidado com eles
Abacaxi
Beterraba
Couve
Mamão
Tomate
Laranja
Maçã
Arroz
Feijão
Repolho
Manga
Cebola
Pimentão
Morango
Pepino
Alface
Cenoura
Batata
Fonte:Bomdia