27/02/2012 09:12
A nova presidente da Petrobras disse que a companhia precisa elevar os preços dos combustíveis para acompanhar os altos preços do petróleo, enquanto mantém a prática de controlar os valores na bomba, para proteger os consumidores da volatilidade.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, há menos de duas semanas no cargo, Maria das Graças Foster enfatizou a importância de aumentar a capacidade doméstica de refino, para reduzir a exposição do Brasil às flutuações de preço do petróleo no mercado internacional.
O governo brasileiro tem mantido o preço da gasolina para consumidores estável nos últimos oito anos. A Petrobras se beneficia quando os preços do petróleo caem abaixo do nível de preço relativo que o governo determina, mas perde quando os preços globais do petróleo ficam acima dos níveis do mercado doméstico, gerando perdas para a companhia, que precisa importar combustível para atender a demanda local.
“Trazer toda essa volatilidade em tempo real para o consumidor é impraticável. É absurdo pensar que isso possa acontecer”, disse Foster.
Consumidor
Mas a executiva afirmou que há uma necessidade de elevar o nível dos preços dos combustíveis aos consumidores, mesmo se eles ainda não acompanham os altos e baixos dos preços globais do petróleo.
“Agora, que tem de repassar preço, tem”, disse ela. “Esse é o ponto, tem de repassar. A defasagem entre os preços internacionais e os preços nacionais abre-se, essa diferença fica bastante pronunciada e os efeitos são maiores para a Petrobras”.
O consumo doméstico de combustíveis em rápido crescimento tem aumentado a dependência da companhia em importações de produtos refinados do petróleo, mesmo com a elevação de sua própria produção de petróleo. A produção nacional da Petrobras está agora em cerca de 2 milhões de barris por dia. A Petrobras, quinta maior companhia de petróleo em valor de mercado do mundo, está no meio de um plano de expansão de 225 bilhões de dólares.
A companhia quer quase triplicar sua produção para mais de 6 milhões de barris de petróleo por dia até 2020, o que pode ajudar o Brasil a desafiar os Estados Unidos em seu papel de terceiro maior produtor de petróleo, atrás de Rússia e Arábia Saudita. Na entrevista, Foster se descreveu como “extremamente ansiosa” e exigente, uma imagem que cultivou em sua carreira em mais de 30 anos de companhia.
Ela disse que não é papel da Petrobras controlar a inflação pelo preço que determina e dispensou a ideia de que a companhia está pressionada a operar em prol das metas do governo em vez das metas dos investidores.
Fonte:Diariodonordeste