23/05/2012 11:13
Esse gênero de agricultura, geralmente familiar, enfrenta diariamente vários desafios para continuar a existir e prover produtos de qualidade. Um dos fatores contra os quais mais lutam esses pequenos produtores é o crescimento desenfreado do meio urbano, que faz com que a expansão das cidades possa prejudicar suas terras e cultivos. A “selva de pedra” pode ser considerada uma das inimigas da agricultura familiar.
Para se ter uma noção, o grupo que engloba a maioria dos produtores rurais no Brasil é constituído pelo que chamamos de agricultores familiares, que hoje representam quase cinco milhões de estabelecimentos do gênero do agronegócio do país, detendo 20% das terras e respondendo por 30% da produção total do país, com uma diversidade de produtos que vai degrãos como milho arroz, feijão e a produtos básicos da dieta nacional, como hortaliças e mandiocas, além da criação de pequenos animais (em pequenas quantidades). A agricultura familiar estimula o comércio e a geração de emprego e renda do local onde atuam e é administrada, em sua maioria, por agricultores de baixa escolaridade que diversificam os produtos cultivados na tentativa de diluir custos, aumentar a renda, aproveitar a disponibilidade de mão de obra e agir conforme apareçam as oportunidades de oferta ambiental.
Um dos fatores que mais barra o desenvolvimento da agricultura familiar e é, portanto, um desafio a ser conquistado, é a falta de acesso (fácil) a condições de tecnologia, crédito, informações organizadas, condições político-institucionais e canais de comercialização, transporte e energia. O governo incentiva o acesso a esses tipos de melhoria através de alguns programas, mas que não chegam a todos os estados de forma plena e exigem, algumas vezes, uma burocracia que mais se assemelha a uma barreira. É preciso que os programas estaduais de incentivo sejam bem trabalhados pelas secretarias de agricultura a fim de favorecer a sua produção interna de pequeno porte.
É preciso incentivar, também, o uso de tecnologias básicas, como internet, pelo produtor, e fazê-lo se capacitar não só nos meios de tecnologia e aparatos de produção como também na gestão estratégica da administração do seu negócio, em busca de novas condições de comercialização. Como dito no primeiro parágrafo, o avanço urbano prejudica os pequenos produtores por motivos quase óbvios. O primeiro é que, quanto maior for a cidade, menor é a capacidade de um pequeno produtor de abastecer seu comércio local, perdendo espaço para os grandes produtores que, por ter mais terras, mão de obra e dominar os meios de produção, acabam por fornecer mais insumos para cada cidade.
O segundo é que, frente a alta concorrência, a cotação de alguns produtos acaba por prejudicar quem produz em menor escala e não pode decidir por conta própria o preço do milho, do feijão e das hortaliças, entre outros, mesmo que orgânicas (e, assim, com maior valor agregado), pois senão pode perder mercado. E a terceira razão pela qual o pequeno produtor pode ser prejudicado pelo crescimento urbano é que quanto mais a cidade se expande mais ele precisa se isolar para produzir com qualidade, longe da poluição e dos maus hábitos de correria do dia-a-dia, ficando assim longe, geograficamente, do seu mercado.
Por isso é importante que os representantes da agricultura familiar se capacitem: para continuar forte em um mercado interno que, entre uma metrópole e outra, ainda tem o pequeno produtor como porto seguro para o abastecimento dos alimentos básicos.
Fonte:Portaldoagronegócio