31/05/2012 08:59
Mais uma decisão que visa a redução dos juros no País foi tomada ontem. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa básica de juros, a Selic, de 9% para 8,5% ao ano – o menor patamar já registrado. Conforme o boletim Focus do BC, divulgado na sexta-feira, dia 25, o mercado já estimava corte de 0,5 ponto percentual.
O impacto maior dessa redução, que começou em agosto, quando os juros caíram de 12,5% para 12% ao ano, será sobre os ganhos das pessoas que têm dinheiro guardado em poupança. Todos os depósitos feitos desde o dia 4 têm rendimento atrelado à 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Antes, o ganho da caderneta, fixado em lei, era de 6,17% ao ano mais TR, ou seja, não acompanhava as decisões do BC. “Como o ganho de 6% era garantido, qualquer queda na taxa Selic tornava a poupança mais atrativa”, explicou a professora do curso deAdministração da ESPM Cristina Helena Pinto de Mello.
Essa aplicação também tem boa fama porque nela não há cobrança de taxa de administração, de Imposto de Renda e nem de custos inclusos em fundos, por exemplo, que acabam deteriorando o rendimento. O ganho financeiro menor pode acarretar na fuga dos investidores que têm valores alocados nos fundos de renda fixa, que possuem, entre seus ativos, os títulos públicos. “Com isso, o governo perderia dinheiro usado para financiar a dívida pública”, lembrou Cristina.
Após a mudança da Selic ontem, o rendimento da poupança cai para 5,95% mais TR, segundo informações do Ministério da Fazenda. No entanto, essa nova rentabilidade só é válida quando a taxa Selic for de 8,5% ao ano; se houver outro corte na taxa, a correção da poupança também diminui. “A partir de agora a possibilidade de planejar rendimento alto sem risco nenhum é menor. Para ter ganho elevado será necessário aceitar um pouco mais de riscos”, comentou o professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, no Rio de Janeiro, Rodrigo Zeidan. Ele lembra que a taxa real de juros hoje (descontada a inflação) é de 3,5% ao ano.
CRÉDITO – Segundo o diretor executivo de estudos econômicos da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, é provável que os juros das linhas de crédito sofram recuos maiores do que a própria Selic. “Podem chegar a até três pontos percentuais.” Oliveira também explicou que os bancos serão mais estimulados a anunciar novas reduções nos juros dos empréstimos. Por enquanto, o impacto dos cortes na Selic deve ser pequeno. Quem usa R$ 1.000 no cheque especial por 20 dias, por exemplo, pagaria R$ 55,20 de juros com a taxa antiga e, agora, desembolsa R$ 54,93 – diferença de R$ 0,27. “Essas reduções estão mais relacionadas à estrutura do sistema bancário, que vai desde a falta de concorrência dos bancos até a inadimplência, do que com a Selic”,disse Zeidan.
Fonte:DGABC