14/06/2012 09:30
Esse ano o preço da saca de soja deve seguir alta em Mato Grosso do Sul, devido ao pagamento de prêmio que o Brasil realiza sob Chicago, fator ocasionado pela falta de soja, em consequência da quebra da safra. A saca de 60 kg de soja em MS que chega a ter oscilações entre R$ 58 a R$ 60 pode atingir a valorização de R$ 55 ou R$ 54 no ano que vem, mas como pode não haver prêmio sobre Chicago, a saca poderá custar o entorno de R$ 50 no início de 2013, preço também considerado bastante positivo por Almir Dalpasquale, presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul – Aprosoja/MS, que falou aos agricultores de MS durante o circuito de palestras em Macaraju, cidade que destina 43% de sua área plantada ao cultivo de soja.
O palestrante Alexandre Mendonça Barro, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP, durante o Circuito Aprosoja/MS salientou que a queda do Produto Interno Bruto – PIB agropecuário no Brasil cai em 2012, mas o pesquisador discordar da metodologia utilizada para avaliar a queda. “A metodologia de avaliação do PIB no nosso país é muito precária, ela basicamente avalia o volume, enquanto deveria ser levado em consideração o valor adicionado. Em 2012 a agricultura puxou o PIB pra baixo, mas no ano que vem a previsão é de rendimento”, explica o pesquisador se referindo à quebra da safra de soja, milho e arroz nesse primeiro semestre.
O Brasil produziu cerca de 75 milhões de toneladas de soja em 2011 e nesse ano deve acumular os 66 milhões de toneladas, número que contribui com a baixa do PIB. Mas a previsão para 2013 é de que o milho alavanque, enquanto que a cana se estabilize, favorecendo as médias econômicas da agricultura.
“Por outro lado, mas ai depende muito do clima, há uma grande possibilidade de que ocorra uma recuperação na safra de soja”, afirma Barros. “A soja é um dos produtos mais importantes na agricultura brasileira, então se quebrou esse ano, no ano seguinte vai crescer muito a oferta, o que deverá puxar o PIB para cima. O mesmo deve ocorrer com a cana que também deve crescer no ano que vem, junto com a recuperação do arroz e do feijão”.
Ainda segundo Alexandre Barros a tendência geral para o Brasil é que 2013 seja um ano de crescimento, com exceção do café que provavelmente cairá a produção. A safra de soja deverá ser maior e o PIB voltar a crescer em média 4,1%. “Com a safra brasileira robusta, e as taxas de câmbio colaborando, então podemos aguardar um preço de soja ainda excepcional para o ano que vem no Mato Grosso do Sul”, diz o presidente de Aprosoja/MS.
Relação com EUA
No diagnóstico do pesquisador da USP, a valorização da soja em MS e no Brasil tem relação direta com os valores impostos em Chicago que se encontram em alta, devido a quebra de todo o hemisfério sul. O real teve desvalorização, chegando a um patamar de R$ 2 por dólar, o que ajuda a elevar o preço no mercado interno brasileiro, e a falta de soja no Brasil faz com que o país pague um prêmio sob Chicago para segurar essa soja e anular determinadas exportações.
“Ainda é muito cedo para se dizer que a safra americana será tão boa. Como plantaram a soja mais cedo, muitos acham que isso é bom, mas se tiverem um clima seco ainda poderá haver um efeito que custe a soja. Então eventualmente a gente pode até presenciar mais um prêmio, caso haja uma frustração na safra dos Estados Unidos. O governo americano tem apresentado relatório com perspectivas muito positivas da safra, mas o clima ainda pode comprometer a safra e puxar os preços ainda mais pra cima”, explica o pesquisador .
“A conjuntura do preço de soja é excepcional no Brasil e o quadro internacional da economia em geral é muito pior que o negócio ’soja’ evidentemente, então vejo que não dá pra ficar brincando muito, e que devemos manter estratégias para algum posicionamento em relacionados à venda para termos uma garantia de renda em preços muito bons”, afirma Almir Dalpasquale.
Circuito da Aprosoja/MS – O projeto organizado pela entidade tem como objetivo divulgar informações técnicas, econômicas e políticas do agronegócio nacional e suas interações com a sociedade brasileira e internacional. As próximas cidades a receber o circuito serão: São Gabriel do Oeste, Laguna Caarapã, Amambai, Ponta Porã e Campo Grande. A previsão é de que cerca de 1.500 pessoas participem do Circuito em todo o Estado.
Fonte:Portaldoagronegócio