No 6º dia, Papa pede diálogo, paz em protestos e que jovens ‘saiam às ruas’

28/07/2013 00:27

Em seu penúltimo dia no país, o Papa Francisco engrossou o discurso político contra a desigualdade, pela aproximação dos mais pobres e pediu que jovens de todo o mundo, aqueles que querem ser “protagonistas da mudança”, “sigam superando a apatia” de forma “ordenada e pacífica”: “Saiam às ruas!”.

Francisco defendeu ainda o Estado laico, segundo o pontífice, “favorável à pacífica convivência entre religiões diversas”. Neste domingo, o Papa se despede do Brasil com uma missa em Copacabana onde, neste sábado (27), abriu uma vigília para 3 milhões de peregrinos.

Tenho acompanhado atentamente as notícias sobre tantos jovens que, em muitas partes do mundo (e também aqui no Brasil), saíram às ruas para expressar o desejo por uma civilização mais justa e fraterna. São jovens que querem ser protagonistas da mudança. Eu os animo a que, de forma ordenada, pacífica e responsável, motivados por valores do Evangelho, sigam superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas presentes em seus países”
Papa Francisco

O primeiro jesuíta e latinoamericano a comandar a Igreja católica participou de diversos eventos neste sábado (27) no Rio de Janeiro. Começou o dia com uma missa a bispos e padres na Catedral Metropolitana de São Sebastião, depois, se encontrou com representantes da sociedade civil e encerrou a maratona falando aos peregrinos, que tomaram completamente a Orla de Copacabana, ocupação histórica no local.

“Tenho acompanhado atentamente as notícias sobre tantos jovens que, em muitas partes do mundo (e também aqui no Brasil), saíram às ruas para expressar o desejo por uma civilização mais justa e fraterna. São jovens que querem ser protagonistas da mudança. Não permitam que outros sejam os protagonistas. O futuro vai chegar através de vocês!”, disse o Papa. “Eu os animo a que, de forma ordenada, pacífica e responsável, motivados por valores do Evangelho, sigam superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas presentes em seus países. Jesus não ficou preso dentro de um casulo, saiam às ruas, como fez Jesus”, pediu Francisco.

O Papa fez três discursos ao longo de todo o dia. O último foi iniciado com uma ressalva à alteração da vigília dos peregrinos, que não ocorreu em Guaratiba, na Zona Norte fluminense, em razão de alagamentos provocados pela chuva. “Acredito que podemos aprender alguma coisa com o que aconteceu nos últimos dias. Não estaria o Senhor querendo nos dizer que o verdadeiro campo da fé, o verdadeiro campus fidei, não é um lugar geográfico além de nós mesmos?”

Francisco foi aplaudido ao fazer uma metáfora de fé usando a paixão dos brasileiros pelo futebol, o campo como lugar de treinamento da religião. “Jesus nos pede que o sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que ‘joguemos no seu time’. Jesus nos oferece algo muito maior do que a Copa do Mundo!”

Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas”
Papa Francisco

Mais cedo, ele falou a representantes da sociedade civil, em evento que, inicialmente, foi divulgado pela Jornada Mundial da Juventude como encontro com a classe dirigente. “Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo”, disse Francisco no mais politizado discurso até agora no Brasil.

O Papa afirmou que o futuro exige uma “visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza”. “Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir”, afirmou.

Fonte: G1

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