Petrobras tem lucro de R$ 6,2 bi no 2º trimestre, acima de estimativas

08/08/2013 22:43

A Petrobras teve lucro líquido de R$ 6,201 bilhões no segundo trimestre de 2013, deixando para trás um prejuízo de R$ 1,346 bilhão no mesmo período do ano passado.

Em relação ao primeiro trimestre do ano, no entanto, o lucro da empresa caiu 19%, devido a uma desvalorização maior do real em relação ao dólar, que impactou fortemente as importações, apesar da contabilidade de hedge –uma prática contábil que limita o impacto do câmbio sobre as dívidas em dólar– adotada pela companhia em maio.

O resultado ficou acima da expectativa de analistas, que previam lucro de R$ 4,5 bilhões.

A Petrobras é obrigada a comprar derivados de petróleo, como gasolina e diesel, no mercado internacional e revender no Brasil com preço menor.

O último ajuste de preços da gasolina e do diesel no país ocorreu em janeiro, de 6,6% para gasolina e 10,5% para o diesel. Mesmo assim, analistas apontam defasagem de 14,5% para a gasolina e 15,3% para o diesel em relação aos preços internacionais.

O prejuízo da área de Abastecimento, responsável pelas importações, caiu de R$ 7,03 bilhões no segundo trimestre de 2012 para R$ 2,5 bilhões de abril a junho. A importação de derivados caiu 31% de um trimestre para outro, somando no segundo trimestre 261 mil barris diários, contra 376 mil barris diários no trimestre anterior.

As exportações de petróleo da empresa caíram 53,86%, para 162 mil barris diários e de derivados caiu 3%, para 197 mil barris diários.

O Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa, subiu para R$ 18,091 bilhões, 71% maior que o do segundo trimestre de 2012 e 11% maior que o do primeiro trimestre deste ano.
A produção de petróleo e gás da empresa ficou estável em relação ao primeiro trimestre, em 2,5 milhões de barris diários de petróleo de abril a junho.

Em carta aos acionistas, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que o lucro operacional no segundo trimestre de 2013 totalizou R$ 11,1 bilhões, aumento de 13% ante o primeiro trimestre do ano.

“Este crescimento é explicado pelo efeito do aumento dos preços de diesel e gasolina ocorridos ao longo do 1T13, pela maior produção desses derivados em nosso parque de refino, pelos ganhos com as operações de desinvestimento no exterior, pelos resultados da otimização de custos operacionais e pela continuidade na recuperação da eficiência operacional da produção na Bacia de Campos”, disse.

Segundo ela, a empresa obteve economia de R$ 2,9 bilhões nos primeiros seis meses do ano como programa de redução de custos.

Em relatório que acompanhou o resultado, a estatal afirmou que a produção média de óleo ficou em linha com as previsões da empresa, em um patamar ligeiramente acima do obtido no primeiro trimestre (1%), reflexo do início de operação de quatro plataformas (São Paulo, São Vicente, Itajaí e Paraty), da interligação de 15 novos poços e da crescente produção do pré-sal ao longo do primeiro semestre.

EXPLORAÇÃO

No que se refere à exploração, a Petrobras afirmou que totalizou nove descobertas ao longo do primeiro semestre –cinco no pré-sal.

“Nosso índice de sucesso exploratório foi de 70%, sendo 100% no pré-sal, já refletindo a política exploratória implantada desde o ano passado, que privilegia as locações de menor risco e destina mais recursos para as atividades de desenvolvimento da produção”, disse.

As despesas com prospecção e perfuração (poços secos) foram de R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre, 63% menores que os R$ 3,3 bilhões do mesmo período de 2012. Nenhum dos 13 poços secos contabilizados no segundo trimestre é do pré-sal.

“Ao participar da 11º Rodada de Licitação, arrematamos, integralmente ou em parceria com outras sete empresas, 34 dos 289 blocos leiloados, aqueles que, em nossa análise, são os de maior potencial exploratório”, afirmou.

Em relação ao refino, a empresa disse que “continua operando com excelentes níveis de eficiência, que se traduziram em uma produção média de derivados de 2,138 milhões de barris por dia, com destaque para a maior produção de gasolina e diesel.

AVALIAÇÃO

Na avaliação de Luana Helsinger, analista do banco de investimento GBM (Grupo Bursátil Mercantil), as perspectivas para a empresa e para os acionistas da estatal é boa no longo prazo.
“A produção deverá ser impulsionada a partir do final deste ano, quando novos sistemas começarão a funcionar, além de plataformas que estavam em reforma e voltarão a produzir”, diz.

O analista Felipe dos Santos, do JP Morgan, prevê que a produção média da Petrobras deve ficar em 1,944 milhão de barris por dia em 2013, 1,8% menor que em 2012.

Essa projeção, porém, não contabiliza o campo de Libra. “Vamos aguardar até que o leilão dos direitos de exploração neste campo seja concluído para analisar melhor seu impacto potencial sobre a empresa”, diz.

Por este motivo, o analista do JP Morgan prevê que a ação da companhia só deverá retomar sua tendência de alta durante 2014. Os papéis preferenciais (mais negociados e sem direito a voto) da estatal somam queda de 11,3% em 2013.

“O investidor que investe em Petrobras, mesmo através de fundos, pode manter o papel se estiver pensando no longo prazo [cinco anos]. O cenário é mais otimista”, acrescenta Luana.

Fonte: Folha de São Paulo

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