Mandela ‘inspirou a luta no Brasil e na América do Sul’, diz Dilma em tributo

10/12/2013 11:25

Sob os olhares de cerca de 80 mil pessoas, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (10), durante tributo na África do Sul a Nelson Mandela, que o exemplo do líder negro inspirou o Brasil e a América do Sul. Segundo Dilma, Mandela foi “a personalidade maior do século 20”.

“Trago aqui o sentimento de profundo pesar do governo e do povo brasileiro e, tenho certeza, de toda a América do Sul pela morte desse grande líder Nelson Mandela. O apartheid que Mandela e o povo derrotaram foi a forma mais elaborada e cruel da desigualdade social e política que se tem notícia nos tempos modernos. [Mandela] Inspirou a luta no Brasil e na América do Sul. ‘Madiba’, como carinhosamente vocês o chamam, constituiu exemplo de referência para todos nós, pela histórica paciência com que suportou o cárcere e o sofrimento”, disse Dilma.

Falando em nome do continente sul-americano, a presidente brasileira foi a segunda chefe de Estado a discursar na cerimônia, que lotou o estádio Soccer City, em Johanesburgo, palco da final da Copa do Mundo de 2010, onde Mandela fez sua última aparição pública. O ato na arena de futebol marca o início dos cinco dias de homenagens ao líder sul-africano, que morreu na quinta-feira (5), em Pretória, aos 95 anos. Os tributos devem durar até seu funeral, previsto para este domingo (15).

A presidente brasileira discursou durante 8 minutos, com o auxílio de um tradutor. Em meio à manifestação de pesar pela morte de Mandela, Dilma cometeu um ato falho, referindo-se aos sul-africanos como “sul-americanos”.

“O governo e o povo brasileiro se inclinam diante da memória de Nelson Mandela. Transmito à senhora Graça Machel [viúva de Mandela], aos seus familiares, ao presidente [Jacob] Zuma e a todo o povo ‘sul-americano’, sul-africano, nosso profundo sentimento de dor e de pesar.  Viva Mandela para sempre!”, confundiu-se Dilma.

Símbolo da luta contra a discriminação racial e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, Mandela será enterrado, de acordo com seu desejo, na aldeia de Qunu, localizada na província pobre do Cabo Leste, onde ele cresceu.

Autoridades de todos os continentes viajaram à África do Sul para prestar uma última reverência ao líder sul-africano. Entre as 91 autoridades mundiais que prestigiaram a cerimônia, estão os presidentes Barack Obama (EUA), François Hollande (França), Raúl Castro (Cuba), o premiê britânico David Cameron e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.

O tributo ao ícone mundial da luta pela igualdade racial teve início por volta do meio-dia (8h pelo horário de Brasília). Ao longo de toda a solenidade, mesmo sob chuva intensa, os milhares de pessoas que lotaram as arquibancadas cantaram e dançaram para reverenciar o ex-presidente da África do Sul.

[Mandela] Inspirou a luta no Brasil e na América do Sul. ‘Madiba’, como carinhosamente vocês o chamam, constituiu exemplo de referência para todos nós, pela histórica paciência com que suportou o cárcere e o sofrimento”
Dilma Rousseff,
presidente da República

A viúva de Mandela, Graça Machel, demonstrou muita emoção ao chegar ao Soccer City. Winnie Mandela, ex-mulher do líder negro, foi ovacionada ao ter seu nome anunciado pelo sistema de alto-falantes do estádio.

Dilma começou a discursar pouco antes das 14h (10h no horário de Brasília). Ao se posicionar no púlpito coberto, a presidente do Brasil foi intensamente aplaudida pelo público. Ela destacou no pronunciamento que a nação brasileira, que traz com “orgulho” o sangue africano nas veias, “chora e celebra” o exemplo do líder que “faz parte do panteão da humanidade.

“Sua luta [de Mandela] transcendeu suas fronteiras nacionais e inspirou homens e mulheres, jovens e adultos, a lutarem por sua independência e pela justiça social. Deixou lições não só para seu querido continente africano, mas para todos aqueles que buscam a liberdade e a justiça e a paz no mundo”, destacou.

Fonte: G1

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