Operário não usava proteção durante acidente, diz Secopa

09/05/2014 10:54

O operário Muhammed’Ali Dom Paolo Nicholas Poseidon Maciel Afonso, de 32 anos, não usava luvas de proteção no momento em que sofreu a descarga elétrica no corredor 2 do Setor Leste, da Arena Pantanal.

A informação foi dada pelo secretário da Copa (Secopa), Maurício Guimarães, durante coletiva realizada no começo da noite desta quinta-feira (8).

“No momento em que aconteceu a cena [do acidente], ficou caracterizado que ele estava sem as luvas. Mas ele portava os demais equipamentos exigidos. A perícia é quem vai definir o que ocorreu. São situações visuais que, às vezes, não refletem a realidade”, afirmou.

“No momento em que aconteceu a cena [do acidente], ficou caracterizado que ele estava sem as luvas. Mas ele portava os demais equipamentos exigidos.”

Guimarães foi o único a se pronunciar sobre a morte do trabalhador, uma vez que o diretor administrativo e financeiro da Etel (empresa à qual o operário era ligado), Alexandre Santini, se recusou a conversar com a imprensa.

Santini chegou à Cuiabá no final da tarde, vindo de Campinas (SP), onde a Etel possui sede

A empresa, porém, decidiu apenas emitir uma nota oficial sobre o acidente, onde afirmou que o empregado era dedicado e, “após receber todos os treinamentos e encontrar-se apto para o exercício da função de eletricista, estava dando início a uma nova fase de sua carreira”.

“Estamos tomando as providências necessárias para minorar o sofrimento de sua família, fornecendo o apoio moral e material que a situação exige”, diz trecho da nota.

“Se ele era eletricista, se era apto ou não, só a perícia vai dizer. E quando tivermos essas informações, não vamos nos furtar a tomar as medidas que forem necessárias”

Segundo Guimarães, a pasta aguarda o final das investigações da Perícia Técnica Oficial (Politec) e da Polícia Civil para averiguar se houve desvio de função, como foi comentado pelo irmão da vítima, Kunte Afonso, logo após o acidente.

“Se ele era eletricista, se era apto ou não, só a perícia vai dizer. E quando tivermos essas informações, não vamos nos furtar a tomar as medidas que forem necessárias, se for caso de negligência ou qualquer outra coisa. Esses assuntos da relação trabalhista deve ser tratado diretamente com a empresa e nós vamos cobrar dela se houver qualquer tipo de irregularidade ou anomalia”, disse.

Fiscalização e perícia

O secretário afirmou que a fiscalização dentro da obra do estádio sempre foi rígida, a fim de evitar acidentes de trabalho como o registrado nesta manhã.

“A fiscalização do trabalhador na obra é feita pela empresa, pelos órgãos de controle externo e pelos fiscais da contratante, pela nossa gerenciadora. O que tudo indica é que foi uma fatalidade. Esse acompanhamento é tão rígido que não tivemos, em quatro anos de obra, nenhum acidente mais grave. Infelizmente, isso aconteceu hoje. Se alguém tiver que ser responsabilizado, será”, afirmou.

De acordo com Guimarães, a cena foi isolada e preservada, tendo sido periciada não apenas pela Politec e pela Polícia Civil, mas também pelo Ministério Público do Trabalho, pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e pelo Sindicato da Construção Civil.

Tony Ribeiro/MidiaNews
“Essa é uma entrevista que eu não gostaria de dar”, disse Guimarães

“Todos tiveram condições de fazer seus levantamentos. Mas tudo isso não sucumbe uma vida que foi tirada. A gente lamenta muito, muito. Estamos muito tristes”, afirmou.

A Secopa não soube explicar qual era a atividade que estava sendo exercida por Muhammad’Ali no momento em que sofreu a descarga elétrica, mas garantiu que o socorro ao operário foi imediato.

“Passamos grande parte da manhã tentando que o acidente não consumasse, tentando tudo que era possível para evitar o óbito”, afirmou.

A Secopa afirmou, ainda, que tem exigido da empresa para que preste todas as informações solicitadas pela perícia, bem como toda assistência necessária à família.

Afirmando “lamentar demais” o acidente, Guimarães disse que irá exigir o cumprimento de qualquer determinação dada pelos responsáveis pela apuração da ocorrência.

“Essa é uma entrevista que eu não gostaria de dar, porque hoje é uma dia muito triste para nós aqui. Estávamos terminando a nossa obra sem nenhum acidente, e aconteceu essa fatalidade hoje”, disse.

MidiaNews
Alexandre Santini, da Etel: nenhum pronunciamento sobre a morte do operário

Continuidade da obra

De acordo com Guimarães, as obras foram paralisadas no setor onde o acidente ocorreu, mas teve continuidade nos demais locais.

“Evidente que se criou dentro da obra uma consternação total, mas temos outras fases da obra que continuam. Temos a implantação das cadeiras e das instalações complementares. A principio, as demais obras do Consórcio CLE [ao qual a Etel é ligada] continuam. Só se a gente identificar alguma coisa errada, é que isso será mudado”, disse.

Com 99% as obras concluídas, a Arena Pantanal já conta com 37 mil das 41.390 cadeiras previstas já instaladas, faltando a conclusão das instalações elétricas e de telecomunicações, bem como outros detalhes de acabamento e a limpeza geral do estádio.

A previsão é de que a Fifa assuma o controle do estádio de R$ 570 milhões no dia 23 de maio.

Fonte: Midia News

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