17/05/2015 16:54
A expectativa é que, com a padronização das informações, os criadores de Angus consigam abrir importantes mercados já no curto prazo. E a Associação Brasileira de Angus já trabalha com essa nova realidade. Em 2015, a associação trocou de certificadora internacional, contratando os serviços da alemã Tüv Rheinland. A estratégia visa conquistar maior acreditação entre os países da União Europeia.
Além disso, a Angus deu início, em 2014, ao programa Brazilian Angus Beef em parceria com a Apex e a Abiec. Para fomentar novos clientes, a Angus esteve em feiras internacionais, como o Sial, na França. Para 2015, a agenda da equipe do Programa Carne Angus Certificada já inclui participação na Anuga (Alemanha) e na Expo Milão (Itália), além de exposições programadas para Moscou (Rússia) e Dubai (Emirados Árabes).
A conquista de mercados internacionais para os cortes Angus brasileiros também deve trazer importante reflexo ao mercado doméstico. Segundo o gerente do Programa Carne Angus, Fábio Medeiros, escoando a produção para novos clientes externos, a tendência é crescimento da valorização dos novilhos agregando ainda mais renda ao produtor rural.
No mercado interno, a mudança põe fim à concorrência desleal imposta aos frigoríficos idôneos que participam de Programas de Certificação, já que muitos cortes sem a procedência acabavam prejudicando a imagem das raças. “Este tipo de informação, crescentemente reconhecida e valorizada pelos consumidores, era desprovida de legislação específica no país. Este fato levou a uma descontrolada proliferação de marcas indicando a origem genética dos animais, colocando em risco não apenas a credibilidade perante o mercado das características qualitativas, mas também os interesses do consumidor”, salientou Reynaldo Titoff Salvador, diretor do Programa Carne Angus Certificada.
Atualmente, os produtos que contêm o selo de certificação da Associação Brasileira de Angus já garantem aos consumidores a identidade (Carne Exclusivamente de animais Angus e cruza Angus) através de processo de certificação conduzido por técnicos da entidade, nas unidades frigorificas credenciada. Participam deste processo as empresas JBS, JBSFoods, Marfrig, Frigorífico Silva, Cotripal, VPJ Alimentos, MCDonalds, Cia Zaffari, Frigorífico Verdi, Frigorífico São João, Frigol S/A e Cooperaliança.
Números do Programa Carne Angus Certificada:
– Atuação em sete estados;
– 22 frigoríficos de 9 empresas;
– 3 milhões de bezerros Angus nascidos em 2015;
– 330 mil animais abatidos em 2014
– 5 mil produtores?
Entenda como foi o processo até o Protocolo Angus
O caminho para chegar ao Protocolo Angus foi longo. As primeiras articulações tiveram início em 2012, quando o primeiro pedido de reconhecimento oficial foi protocolado pela Angus junto ao Ministério da Agricultura. Desde então, por absoluta ausência de legislação aplicável, tal reconhecimento não era possível. O protocolo foi aprovado pela CNA em setembro de 2014 e passou pelo crivo do Mapa em fevereiro de 2015. Faltava, no entanto, um marco especifico e objetivo sobre a informação de raças bovinas nos rótulos de carnes, o que foi obtido em 25 de fevereiro de 2015 por meio da circular 001/2015 DIPOA/SDA/MAPA.
Toda essa mudança só foi possível graças à instituição da Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA) através de um convênio firmado entre o MAPA e a CNA. A PGA permite a integração de informações de inspeção e defesa agropecuária, trânsito animal e emissão de nota fiscal em um único banco de dados. A PGA já está pronta e aguarda adesão dos setores do agronegócio para que os dados sejam inseridos no sistema por meio de protocolos comerciais. A criação da PGA transferiu à CNA a responsabilidade pela avaliação e gestão dos protocolos de adesão voluntária.
O que diz a Circular 001/2015 DIPOA/SDA/MAPA
No documento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento define:
a) a rotulagem com informações quanto a raças bovinas somente poderá ser feita mediante implementação de protocolo desenvolvido e aprovado pela associação de criadores da raça em questão;
b) a gestão dos referidos protocolos será feita através da PGA sob responsabilidade da CNA;
c) caberá ao serviço de inspeção federal o acompanhamento da implementação dos controles dos distintos protocolos.
O documento ainda instituiu que as marcas existentes em 25 de fevereiro de 2015 teriam 180 dias para atender a este requisito e que as novas marcas solicitadas só poderiam ser aprovadas dentro do novo modelo.
O que muda para o pecuarista com o Protocolo Angus?
Para o pecuarista, o Protocolo Angus trará apenas pequenas mudanças e uma série de benefícios:
– Passa a ser obrigatória a adesão dos pecuaristas que participam do Programa Carne Angus Certificada ao Protocolo Angus. Para isso, basta acessar o site da CNA (www.canaldoprodutor.com.br) ou o site da Angus (www.angus.org.br), clicar no link específico e realizar seu cadastramento. Neste formulário, integrado ao sistema de defesa agropecuária, serão cadastradas informações simples como a localização da propriedade (coordenadas GPS), informações de contato e dados sobre o sistema de exploração do pecuarista.
– O cadastramento começa em 1º de junho e passará a ser condicionante à participação no protocolo e obtenção de bonificações a partir de 1º de julho em todas as 22 unidade que o Programa Carne Angus Certificada atua no Território Nacional. A partir da adesão, o pecuarista terá a sua disposição o manual do participante, contendo informações completas sobre as normas do protocolo, assim como materiais técnicos que facilitarão a compreensão sobre os quesitos do protocolo e auxiliarão a obter o máximo retorno.
– O produtor rural que desejar participar do protocolo ficará isento do pagamento de qualquer taxa, característica do Programa Carne Angus Certificada.