Brasil deve retomar crescimento em patamar mais estável a partir de 2016

20/05/2015 03:27

Nas projeções do banco, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano sofrerá uma forte retração, podendo ter queda de 1,5%. Contudo, deve voltar ao positivo em 2016, registrando expansão de 0,7%. Para os próximos anos, as expectativas de crescimento são de 1,5% (2017), 1,9% (2018) e 2,1% (2019).

O economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, diz que, apesar da piora na atividade econômica, o cenário de crise perdeu força no Brasil, contribuindo, dessa forma, para uma melhora do cenário futuro. “Desde o início do ano, houve uma melhora significativa em todos os mercados: a bolsa de valores subiu cerca de 20% e o risco Brasil caiu. No entanto, nossa avaliação é que: mercados melhor, economia pior. Não economia sob o ponto de vista das políticas fiscal ou monetária. Mas sob a ótica de que a atividade econômica não melhorou”, disse Goldfajn em um encontro com jornalistas, ontem.

Fator externo

A desaceleração da valorização do dólar frente ao real e a conjuntura externa são outros fatores que melhoraram as expectativas com relação ao Brasil. De acordo com Goldfajn, o desempenho econômico abaixo do esperado dos Estados Unidos, durante primeiro trimestre deste ano, criou um cenário favorável para as economias emergentes – o país cresceu apenas 0,2% no período, em relação ao último trimestre do ano passado.

“Para países emergentes, como o Brasil, a percepção de taxas de juros mais baixas no curto prazo é muito mais importante do que a percepção de que as economias irão se recuperar”, afirmou. O economista ressalta que, diante da fraca atividade dos EUA, o Banco Central do país, o Federal Reserve (Fed), deve elevar a taxa de juros apenas em setembro ou a partir do final deste ano para frente.

O Itaú avalia ainda que as medidas de ajuste fiscal propostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, bem como o aperto monetário estão sendo importantes para recuperar a confiança do investidor externo. “O investidor estrangeiro voltou a colocar dinheiro no Brasil, a comprar os nossos papéis, tanto é que o câmbio se apreciou. […] Mas, para bater uma segunda rodada de ânimo, a economia vai precisar dar sinais de recuperação”.

Reformas

Para Goldfajn, a retomada da atividade não se dará de forma “robusta” e que, para o País crescer mais de 2,5% ao ano, outras reformas serão necessárias. “O Brasil consegue chegar em 2%. Mas, para ir além disso, vai precisar de outras reformas, como a tributária, por exemplo. […] A unificação das alíquotas de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços] é uma das poucas medidas que estão em discussão e que têm capacidade de promover um crescimento [robusto] da economia. Ela [a medida] não tem impacto no curto prazo, mas o Brasil ganharia muito no longo prazo”, exemplifica Goldfajn.

Nas projeções do banco, os serviços, que vinham no positivo, começaram a apresentar desaceleração no primeiro trimestre deste ano (-0,2), contra os três últimos meses de 2014, mostrando que “a queda da atividade já alcançou o setor”. Na indústria, a expectativa é de retração de 2,2%, e na agropecuária, de queda de 0,9%, para os mesmos períodos. O economista Felipe Salles diz que a retomada da atividade econômica atingirá todos os setores igualmente, já que o momento ruim “está relacionado com fatores macroeconômicos”.

Da Redação

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