Brasil lidera países que investem em tecnologia no campo

11/06/2015 23:07

Na década de 1970, a produção de soja era de 10 milhões de toneladas no país. Atualmente, beira os 100 milhões. O rendimento médio por hectare, que hoje é de 50 sacas por hectare, estava próximo de 28 naquele período.

Há dez anos, no entanto, não se tem mais evolução nessa produtividade –sinal de que é preciso quebrar novas fronteiras tecnológicas.

Após ter praticamente substituído os trabalhadores do campo por máquinas, a agricultura agora vive a era da automatização e dos drones.

Atividades mais arriscadas, como a pulverização, já podem ser feitas por máquinas controladas por controle remoto, enquanto os drones cumprem a função de observação das lavouras.

Em breve, o produtor espera utilizar esses aparelhos para intervenções pontuais de controle de pragas e de doenças, sem ter a necessidade de movimentar máquinas pesadas para atuar em toda a área.

A segunda revolução tecnológica no campo já começou. O passo mais importante, porém, está por vir: o domínio e a difusão das informações colhidas na lavoura.

Esse passo é tão importante que empresas antes dirigidas para a biotecnologia, como a Monsanto, se voltam também para essa área. Outras, com pouca afinidade até então com a agricultura, como o Google, passam a desenvolver sistemas para um melhor aproveitamento das informações do campo.

Era da informação

Entender e aprender a utilizar os dados obtidos pelas máquinas –de informações meteorológicas a sinais de incidência de pragas e doençassão um dos desafios dos produtores nesta nova fase.

“É preciso buscar uma inteligência aplicada que vise maior aproveitamento da semente utilizada, do plantio e da colheita”, diz Nery Ribas, da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e de Milho de Mato Grosso).

O produtor Glauber Silveira diz que é preciso o desenvolvimento de uma tecnologia de gestão e de controle. As grandes máquinas, equipadas com instrumentos modernos, podem ser parte da solução, mas ainda não resolvem. São necessárias ferramentas que apontem para o produtor os avanços que estão sendo atingidos no país, principalmente por regiões.

E é aí que entra uma utilização adequada das informações já disponíveis. Silveira diz que empresas de pesquisa, como a Embrapa, deveriam disponibilizar para os produtores as variedades de sementes que estão sendo utilizadas, médias de produtividade por região, avanços em adubação e no sistema de controle de pragas.

Não adianta uma máquina grande se o plantio não for feito no período certo, se não for utilizada a semente correta ou aplicado o fungicida apropriado, segundo ele.

Na avaliação de Ribas, a tecnologia deve permitir que o produtor colha mais, mas com custos menores. A agricultura de precisão, que utiliza a tecnologia para realizar com maior eficiência operações no campo, como a pulverização, ainda é muito cara e, em alguns casos, traz pouca rentabilidade.

“É preciso entender e aprender com ela, utilizando um manejo adequado de sistemas produtivos”, diz ele.

Muitas vezes, a agricultura de precisão é “mais uma agricultura de imprecisão”, acrescenta. Recentemente, produtores de Mato Grosso tiveram sérios problemas com variedades de milho que prometiam combate a lagartas, o que não ocorreu.

O produtor, por sua vez, também tem de se adaptar às exigências das tecnologias, diz Silveira. Entre elas, ele cita as áreas de refúgio, essenciais para manter o equilíbrio das populações de pragas-alvo. Isso não vem sendo cumprido adequadamente, resultando em perda antecipada da tecnologia da semente.

Fonte.: Folha de S.Paulo

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