Nesta quinta-feira, soja reage com limitações na Bolsa de Chicago

16/07/2015 17:22

Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos da oleaginosa subiam pouco mais de 3 pontos e o contrato novembro/15, referência para a safra americana, era negociado a US$ 10,20 por bushel.

O mercado espera por novas informações sobre a safra 2015/16 dos Estados Unidos e observa ainda o comportamento climático no país e o seu impacto sobre as lavouras. E esse quadro, como já adiantaram os analistas, deve manter os negócios bastante voláteis no mercado futuro americano. Ao mesmo tempo, o andamento do mercado financeiro também é acompanhado, porém, com menos peso agora, além do andamento do dólar, principalmente o dólar index.

Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga seu novo boletim de vendas semanais para exportação, importante indicador da demanda e pode trazer algum impacto, mesmo que pontual, sobre o andamento das cotações.

Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Soja fecha em baixa na CBOT, mas altas do farelo amenizam perdas nesta 4ª feira

Na sessão desta quarta-feira (15), os futuros da soja fecharam o dia em campo negativo, porém, distante das mínimas registradas ao longo dos negócios na Bolsa de Chicago. Enquanto o contrato agosto/15 fechou valendo US$ 10,25 por bushel, testou a mínima do dia em US$ 10,14 e, no caso do novembro/15, referência para a safra americana ficou em US$ 10,16 após o menor preço do dia em US$ 10,05/bushel.

O mercado internacional da oleaginosa operou do lado negativo da tabela durante todo o pregão e chegou a registrar perdas de dois dígitos. E segundo explicaram analistas, as baixas foram motivadas por uma realização de lucros após a commodity ter alcançado, nas últimas sessões, os melhores preços dos últimos meses, e também por movimentos técnicos com base no comportamento dos gráficos.

“O mercado está extremamente grafista. O contrato novembro/15 testou a máxima dos US$ 10,30 e agora está voltando para testar a mínima os US$ 10,00, mas não acredito que quebre esse patamar”, disse o consultor em agronegócio Ênio Fernandes. “O mercado pode ficar mais pressionado, porém essas baixas fazem parte de um movimento que já era esperado”, completa.

O consultor afirma ainda que esse comportamento técnico do mercado deve ser mantido até o final desta semana e início da próxima. Faltam novidades entre os fundamentos que possam, nesse momento, alavancar os preços em Chicago e provocar novas altas. Além disso, uma expressiva alta do dólar index frente a uma cesta de principais moedas também foi motivo de pressão sobre os preços.

Ao mesmo tempo há, porém, muitas incertezas sobre a nova safra dos Estados Unidos – a qual tem sido marcada por forte irregularidade – e sobre o comportamento do clima nos Estados Unidos. Depois de os meses de maio e junho terem registrado chuvas recordes, os novos mapas meteorológicos indicam menos chuvas para o Meio-Oeste, porém, os modelos e previsões ainda mostram que julho e agosto devem se consolidar como meses de precipitações acima da média, cenário que ainda preocupa.

Mercado Interno

No mercado interno, os preços não fecharam o dia com uma direção comum. O dólar fechou próximo da estabilidade, perdendo 0,08% em R$ 3,1360 e em algumas praças, a moeda americana mais baixa pressionou as cotações. Assim, em Paranaguá, a soja disponível se manteve nos R$ 73,00 por saca, enquanto em Rio Grande foi registrada uma baixa de 1,07% para R$ 74,20. Já para a safra nova, o preço subiu 1,75% no terminal paranaense, fechando em R$ 75,00, enquanto no gaúcho ainda são R$ 76,00.

Nos portos, porém, o destaque fica sobre os prêmios, que nesta quarta-feira também registraram boas altas. Nas posições julho e agosto/15, o ganho foi de 10% para 55 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago. Para setembro, onde são 73 cents, o avanço foi de 21,67% e, para março/16, ganho de 66,67% para 10 centavos.

Quanto ainda chove nos EUA?

“A soja liderou as baixas na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira diante das previsões de longo prazo mostrando uma redução no acumulado de chuvas para o já muito úmido Meio-Oeste dos Estados Unidos”, disse Bob Burgdorfer, analista do site internacional Farm Futures.

No entanto, os mapas climáticos para os próximos sete dias divulgados nesta quarta pelo NOAA – departamento oficial de clima dos EUA – mostram que a umidade deve se acumular nos estados mais ao sul do cinturão, como Illinois, Indiana e Ohio. Os acumulados devem ficar entre 19,5 mm e 50,88 mm. Paralelamente, há ainda previsões de tempestades se movendo do Kansas e do Nebraska poderiam espalhar mais chuvas pelo leste do Corn Belt durante o final de semana.

Previsão de chuvas para os próximos 7 dias nos EUA – Fonte: NOAA

Já nas previsões que mostram os períodos de 6 a 10 e 8 a 14 dias, as indicações são de que o tempo ainda fica ligeiramente úmido antes da confirmação de uma tendência de clima mais seco. Em ambos os intervalos, há mais de 30% possibilidade de chuvas abaixo da média para a época. “O clima nos Estados Unidos deve começar a melhorar e novas realizações de lucros podem vir pela frente. E a partir do mês que vem já começa a se especular o plantio no Brasil”, explica o consultor de mercado Márcio Genciano, da MGS Rural.

Os meses de maio e junho no Corn Belt, principal região produtora norte-americana de grãos, foram historicamente chuvosos e encharcaram os campos, provocaram inundações e colocaram em xeque a produtividade das culturas. Assim, bem como aconteceu na safra 2014/15 no Brasil, a marca dessa nova temporada nos EUA é a irregularidade, segundo apontam especialistas nacionais e internacionais.

“Temos uma situação de duas safras em 2015, com áreas ruins, áreas boas e uma pequena parte das áreas entre esses dois cenários. Ainda assim, o potencial nacional de produtividade está acima da média”, diz Ray Grabanski, presidente da consultoria internacional Progressive Ag em matéria no site Agriculture.com.

Demanda e Farelo de Soja

Ainda nesta quarta-feira, o mercado do farelo de soja fechou a sessão em campo positivo na Bolsa de Chicago e ajudou a amenizar baixas registradas pelo grão. As altas entre os principais vencimentos – que superam os US$ 350,00 por tonelada – foram de 0,63% a 1,40%.

O esmagamento de soja nos Estados Unidos registrou o melhor junho da história e trouxe estímulo às cotações na CBOT. De acordo com os números divulgados pela Associação Nacional de Processadores de Oleaginosa dos EUA (Nopa), foram esmagadas 3,877 milhões de toneladas de soja, um volume recorde para o mês no país.

O total atendeu às expectativas do mercado e é 20% maior do que o registrado em junho de 2014, quando foram processadas 3,231 milhões de toneladas da oleaginosa. Na temporada 2014/15, o volume já processado de soja pelo EUA chega a 40,771 milhões de toneladas.

As margens de esmagamento nos EUA têm se mostrado bastante favoráveis e, segundo explica Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult, o consumo de farelo de soja é maior em relação aos anos anteriores, não só nos EUA, mas também nos principais demanadadores mundiais.

“Apesar da gripe aviária, o consumo doméstico americano está 7% maior (do que o registrado na temporada anterior). A equivalência em grão do aumento do consumo de farelo corresponde a cerca de 15 milhões de toneladas que, somado ao aumento das exportações de grãos, somam cerca de 28 milhões de toneladas. As grandes safras estão sendo, literalmente, engolidas pelo consumo”, afirma.

Segundo informou a Oil World nesta terça-feira (14), as exportações conjuntas de Argentina, Brasil e Estados Unidos subiram para 13,27 milhões de toneladas em junho, ou 46% a mais do que o registrado no mesmo período do ano anterior diante de uma maior demanda vinda, principalmente, da China, África, Irã, Coreia do Sul e Tailândia.

“A outra parte do mundo que importa farelo de soja tem desempenho semelhante. A exportação Argentina 16%, Estados Unidos 12% e Brasil 7%, todos acima do ano passado, no mesmo período”, completa Severo.

Fonte.: Portal Agronegócio

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